O LAICATO E A EUCARISTIA

Por: João Paulo Angeli

“No longo caminho que temos, o Pão que comemos nos sustentará, é Cristo o Pão repartido, que o povo sofrido vem alimentar”.

No início da nossa vida cristã, todos nós ainda que pequenos, somos inseridos na nossa primeira grande missão: a vida em comunidade. É no nosso caminhar e desenvolvimento físico/humano que vamos entendendo o sentido dessa missão. Sabemos pelas nossas vivências o quão difícil é a vida em comunidade: os sacrifícios, as doações, o respeito, o amor e a dedicação que temos que empregar em nosso dia a dia. Mas é na Eucaristia, que devemos buscar ainda mais sentido à vida em comunidade, de comunhão, e união em torno do pão da vida. O Papa São João Paulo II na Encíclica Ecclesia de Eucharistia (nº40) reforça que “a Eucaristia cria comunhão e educa para a comunhão” e assim, em comunidade nos alimentamos e fortalecemos em nossa Vocação Laical.

Sobre a Vocação Laical, devemos lembrar que a espiritualidade dos Cristãos Leigos e Leigas, deve estar centrada na Eucaristia, no Cristo vivo presente na vida de seu povo. A partir disso, podemos pensar em duas dimensões sobre a Eucaristia na vida do Laicato.

A) A dimensão da Eucaristia como pão que é alimento para nossa vida e para nossa alma!

Eucaristia é o pão da unidade e é a partir Dela que somos comunidade/igreja, é Ela que nos nutre para a vida de comunhão entre os irmãos na Igreja e no mundo e é nesse sacramento que nos encontramos com o Senhor e com a comunidade.

“Os cristãos leigos e leigas são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres do mundo no coração da Igreja” (Puebla n.786)

Na vocação laical, temos um grande desafio que é a atuação na sociedade como um todo, sendo Sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-14), e como tal, precisam ser nutridos pela nossa riqueza maior enquanto Igreja que é a Eucaristia, e é na aparência simples e singela do pão e do vinho que reconhecemos e fazemos o nosso agradecimento a Deus que nos salva entregando-Se a Si mesmo, em sacrifício redentor, como alimento de vida e da missão.

B) A humanidade de Jesus de Nazaré que foi feito homem como nós, nos provoca a entender o sentido da vida cristã. Foi ao partir o pão que Jesus foi reconhecido pelos discípulos de Emaús (Lc 24,30-33). Também nós Cristãos Leigos e Leigas devemos reconhecer na partilha do pão a nossa missão, e aí está a segunda dimensão da Eucaristia: a social, ou seja, a partilha, a doação e a vida nos extremos do mundo.

“O autêntico sentido da Eucaristia torna-se, de per si, escola de amor ativo para com o próximo. Nós sabemos que é assim a ordem verdadeira e integral do amor que o Senhor nos ensinou: “nisto precisamente todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13, 35)… A Eucaristia educa-nos para este amor de maneira mais profunda. Se o nosso culto eucarístico for autêntico, deve fazer crescer em nós a consciencialização da dignidade de todos e de cada um dos homens. A consciência dessa dignidade, depois, torna-se o motivo mais profundo da nossa relação com o próximo”. (Dominicae Cenae, nº 6)

O convite eminente que parte da Vocação Laical, passa pela vida em comunidade e o Sacramento do Amor é para que todos os Cristão Leigos e Leigas, reconheçam a necessidade da missão. Estar onde ninguém mais quer estar, ajudar aqueles que nenhum outro ajuda. Ver, sentir compaixão e cuidar. Lembremos do que diz o Papa Francisco na Evangelii Gaudium n. 49: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. ”

Por fim, permanecem as duas reflexões acima: a Eucaristia para os cristãos leigos e leigas na DIMENSÃO DE PÃO/ALIMENTO para vida em comunidade e na sociedade e a DIMENSÃO SOCIAL da partilha e da doação. Que estas sirvam de base para a nossa caminhada eclesial enquanto laicato e que possamos ir além e viver na Eucaristia, o Sacramento do Amor a nossa missão de sermos sujeitos eclesiais, primeiriando o anúncio da Boa-Nova.

“A Eucaristia nos faz Igreja, comunidade de amor, vivemos na Eucaristia, o Pão da alegria e da libertação”.

João Paulo Angeli – Presidente Regional do CNLB – Sul 2 – Coordenador da Comissão Nacional de Juventude do CNLB

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