O desafio de fortalecer o trabalho da pastoral conjunta foi encarado pelos 33 participantes do Encontro das Coordenações de Organismos e Pastorais Sociais que integram o trabalho organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O grupo, formado por representantes de 26 organizações, os bispos, assessor e secretária da comissão, esteve reunido de 11 a 13 de março, no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília (DF) para analisar a conjuntura brasileira, com enfoque nas políticas públicas e nos direitos humanos, tendo em vista traçar caminhos para fortalecer a pastoral de conjunto e planejar a ação para 2019.
O bispo de Brejo (MA), dom José Valdeci Mendes, membro da Comissão para a Ação Social Transformadora da CNBB, apontou o desafio da fragmentação no meio das próprias pastorais sociais como algo que precisa ser superado. “Claro que cada pastoral está fazendo algo, mas sentimos a necessidade de unir as experiências e romper com o isolamento”, afirmou.
Democracia e medo – A necessidade de articular-se mais, segundo o bispo, decorre dos desafios colocados pela ameaça aos direitos sociais expressa, entre outros, na extinção do Ministério do Trabalho e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional pelo governo federal. “Tudo o que fortalece a democracia e a sociedade tem sofrido uma certa ameaça. Estamos vivendo uma tensão no Brasil e um certo amedrontamento de lideranças que estão passando por situações de ameaças e medo”, avalia.
Um bom exemplo de articulação, segundo a avaliação das próprias Pastorais Sociais e de dom José, vem das Pastorais Sociais que atuam no campo. “Já temos algumas articulações já concretizadas. Por exemplo, temos a Pastoral do Campo que vem trabalhando e já tem toda uma experiência de diálogo, comunhão, formação e entre-ajuda”.
O Jardel Neves Lopes, da coordenação nacional da Pastoral Operária, compartilha desta avaliação. Para ele, um grande desafio, contudo, é avançar na articulação das pastorais sociais que atuam no mundo urbano na luta pelo direito à cidade. “O grande desafio é fazer com que as Pastorais Sociais se encontrem desde a base, da comunidade e da diocese, nos regionais até nacionalmente. Muitas pastorais sociais, de um grupo grande de mais de 20 pastorais, nem se conhecem”, ressaltou.
Segundo a representante da Pastoral da Criança, Maria das Graças Silva Gervásio, para ter uma articulação e uma pastoral de conjunto é essencial pensar pontos comuns. Ela aponta que o controle social das políticas públicas, um tema ligado à Campanha da Fraternidade deste ano, pode ser um tema comum assumido por todas as Pastorais Sociais da Igreja no Brasil.
Além destes temas da articulação das pastorais que lutam pelo direito à cidade, à saúde e por melhores condições de vida no campo, o grupo vai discutir sobre proteção e segurança das informações, a atualização do diagnóstico da sustentabilidade das Pastorais Sociais e Organismos, Seminários sobre Incidência Política e a 6ª Semana Social Brasileira. O grupo também debaterá questões e formulará sugestões às novas diretrizes para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil no próximo quadriênio, a ser definidas na 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, de 1º a 10 de maio.