Aconteceu nos dias 01 a 07 de setembro, a 26ª edição do Grito dos/as Excluídos/as de 2020 em Mato Grosso. Com o lema: “Basta de Miséria, Preconceito e Repressão! Queremos Trabalho, Terra, Teto e Participação”!
Por: Marilza Schuina – Articulação do Grito em MT
O Grito mostrou que o povo organizado das Comunidades, das Pastorais Sociais, dos Movimentos Religiosos, Sociais e Populares, dos Partidos Políticos, das Centrais Sindicais, das Igrejas, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil/MT, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/MT, juntos, fizeram ecoar os clamores do povo que grita por justiça e direitos.
Com uma intensa programação, o Grito realizou atividades todos os dias da semana, de forma presencial e online. Começou no dia 01/09 com a manifestação simbólica com faixas e cruzes em memória das vítimas da COVID-19, em Barra do Garças. Faixas também foram fixadas na Catedral Nossa Senhora da Guia .
Três rodas de conversas foram realizadas nos dias 01 a 03/09, abordando os eixos do lema 2020: Basta de Miséria Preconceito e Repressão; queremos Terra, Teto e Trabalho; Democracia e Participação.
No dia 04/09 foi realizada uma coletiva de imprensa para o lançamento da 35ª edição do Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2019 da Comissão Pastoral da Terra, “que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, pelos indígenas, quilombolas, povos tradicionais e lideranças” e o Relatório Estadual de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso, “que está na sua 5ª edição e expressa um panorama geral das dimensões relacionadas com os direitos humanos e meio ambiente em Mato Grosso. Esta edição, traz consigo as diversas realidades vivenciadas nas comunidades e na luta por direitos humanos, expressando realidades, denunciando as diversas violações de direitos e sobretudo anunciando um mundo mais digno de bem viver”.
Nesta coletiva também foi apresentado o relato/denúncia da comissão que visitou a comunidade indígena do povo Chiquitano na fronteira Mato Grosso/Bolívia que denunciaram a chacina de 11 de agosto, que ceifou a vida de 4 indígenas na fronteira Mato Grosso/Bolívia. A denúncia é de que o Grupo Especial de Segurança de Fronteira/GEFRON/Polícia de Mato Grosso, assassinou os indígenas que voltavam de uma caçada.
À noite do dia 04/09, uma roda de conversa especial foi realizada com a presença de membros da comissão para a continuidade do relato/denúncia.
“A violência se mantém presente na vida dos povos mais vulneráveis do campo. Uma realidade que teima em se manter sob o olhar de todos”.
No dia 05/09, as CEBs de Cuiabá realizaram sua reunião Ampliada com roda de conversa sobre “A questão do direito à terra, como fonte de subsistência que gera a comida e a vida. Também espaço de direito e pertença de comunidades tradicionais e camponesas!”
Para cantar a vida e a resistência, uma “Ciranda Cultural” foi realizada no dia 06/09, com artistas da caminhada para trazer alegria e emoções aos nossos corações neste momento tão difícil do qual estamos vivendo, de várias regiões do Estado: Cuiabá, Rondonópolis, Cáceres, São Felix do Araguaia, Tangará da Serra, Poconé.
Em Primavera do Leste, as comunidades realizaram nas missas, do domingo (06), a celebração do 26º Grito dos Excluídos e das Excluídas.
Já em SINOP, foi realizada roda de conversa pelo Conselho Diocesano de Leigos e faixas foram fixadas pela cidade, em frente ao serviço de saúde do município para denunciar a falta de atendimento à população e iniciou-se a campanha de arrecadação de alimentos para atendimento às pessoas necessitadas.
O dia 07 de setembro foi marcado pela realização da Celebração da Vida e da Esperança, uma celebração inter-religiosa, que contou com a presença de lideranças religiosas como o Pe. Aloir Pacini SJ da Igreja Católica Apostólica Romana, o Reverendo Hugo Armando Sanchez da Igreja Católica Anglicana Província do Brasil, o Pastor Teobaldo Witter da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, o Babalorixá Edésio Lima Fernandes Tata Mukalembe do Candomblé e o Sheikh Abdusalam Almansori da Mesquita Mulçumana de Cuiabá.
Durante a celebração foram apresentados os gritos por respeito dos LGBTQI+, do povo negro, da intolerância religiosa e do preconceito com as religiões de matriz africana, dos indígenas, entre outros.
No decorrer da semana, foram ainda publicados, diariamente, vídeos dos diversos GRITOS da realidade da saúde, educação, juventude, indígenas, negros, mulheres, intolerância religiosa e fundamentalismo religioso, democracia e direitos humanos, do bioma Pantanal, da população em situação de rua, dos migrantes. Em cada grito, um clamor de justiça!
“Nunca se ouviu tantos gritos por este Brasil afora. Por um lado, um grito de desespero, com famílias enlutadas pelo Covid, sem assistência médica, sem recursos. Vítimas do racismo, da violência doméstica, do medo, do abandono. Mas, por outro lado, o grito de Jesus, denunciando, cobrando do poder público, lutando para não deixar o autoritarismo tomar conta do país. Ou seja, gritos de resistência, com práticas libertadoras na base. O Papa Francisco fala de uma outra economia, baseada no bem comum e no cuidado com a natureza. Ele nos chama a atenção para os movimentos populares, – dos quais muitos de nós fazemos parte – pois os mesmos “podem representar uma fonte de energia moral e revitalizar nossas democracias”.
“Basta de miséria, Preconceito e Repressão! Queremos Trabalho, Terra, Teto e Participação”!