Barbara e Luzia

Em dezembro a Igreja celebra estas santas, duas jovens assassinadas brutalmente pelo fato de serem cristãs e de terem rompido com as tradições romanas colocando em primeiro lugar e de forma radical a sua adesão a Jesus Cristo. Quase meninas derramaram o seu sangue e aqueles que as mataram o fizeram por ódio a fé que professavam.

Por: Dom Sérgio Eduardo Castriani

A Igreja nasce e cresce não só pelo testemunho dos apóstolos, pela reflexão dos doutores, pela ação dos que curam e fazem milagres, mas também pelo sangue dos mártires. O  seu culto atravessa séculos e chega até os nossos dias. A elas foram sendo associadas  situações humanas que tem necessidade do auxilio do alto, a uma a proteção durante os temporais, a outra a cura das doenças dos olhos.

Caminhando nas  procissões feitas em honra destas heroínas da  fé sente-se em primeiro lugar a piedade popular, a confiança no auxilio que vem do céu, uma fé mais sentimento que razão, com raízes culturais profundas. Ao mesmo tempo os cantos, as reflexões colocam o pé no chão da realidade. Nas procissões que participei, a Palavra de Deus foi proclamada, a fé foi testemunhada, e os grandes temas da evangelização no mundo de hoje foram relembrados.

Fizeram-se orações pela juventude, que no ano que está terminando foi protagonista da ação da Igreja. Foram lembrados os jovens que morrem prematura e violentamente, mas também os jovens que sonham com um mundo melhor e se lançam na luta por ele.

A  presença de um grande número deles nestas manifestações de fé mostra o  presente mas também o futuro da Igreja. Outros temas e situações foram lembrados. Paramos em frente a  postos de saúde e casas de idosos e rezamos pelos doentes e pelos que cuidam deles. Fizemos reflexões sobre o meio ambiente diante de lixo acumulado, rezamos pela nossas comunidades tão ameaçadas pelo individualismo, pelo consumismo e sobretudo pela violência que brota do crime organizado, invisível mas atuante. O povo rezou também pelas autoridades, pelos que tem poder, para que o exerçam em vista do bem comum. Pedimos pelo fim da corrupção, da prepotência, do autoritarismo e da injustiça.

Tudo termina ou começa pela Eucaristia, memória da morte e ressurreição de Jesus, sacramento do amor e da aliança entre Deus e a humanidade, certeza de que o Cordeiro imolado é o vencedor. É preciso participar destas manifestações de fé para vislumbrar para onde e por onde caminhamos. Somos um  povo religioso, para nós a presença de Deus é evidente e se manifesta de diversas maneiras. Mas é sobretudo na fidelidade radical dos inocentes que a força e  poder de Deus transforma.

Barbara, Luzia e junto com elas, Cecília, Agueda e centenas de outras mulheres são símbolos que atravessam gerações de cristãos, protegendo, intercedendo, curando, mas acima de tudo inspirando vidas que querem ser vividas plenamente no seguimento de Jesus. Natal é celebração do mistério do amor que se encarna e se faz história, a ponto de derramar o sangue que redime e salva. Feliz Natal.

Dom Sergio Eduardo Castriani – Arcebispo Metropolitano de Manaus

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