Nós, Participantes do IV Seminário de Fé e Política D. Helder Câmara, diante da atual realidade política brasileira, pedimos a Deus que nos dê “um coração que compreenda, olhos que vejam e ouvidos que ouçam” (Deuteronômio, 29, 3)
Infelizmente, interesses pessoais, empresariais e de grupos ainda movem a grande maioria dos POLÍTICOS BRASILEIROS dos mais variados partidos, que estão, em nome do povo, exercendo seus mandatos. Também é claro o desejo de se eternizarem no poder.
As operações policiais em curso, notadamente a “Lava-jato”, revelou como a política brasileira vem sendo orquestrada por grandes empresários e políticos, que se unem para agir contra o povo brasileiro, fraudando e corrompendo, bem assim lesando os mais lídimos direitos dos cidadãos.
Nestas investigações policiais, estão envolvidos diversos partidos e maus políticos, que se igualaram na sanha criminosa da corrupção.
A falta de governabilidade gerou o processo de impeachment, desejado por muitos brasileiros e repudiado por tantos outros. Foram alegadas questões técnicas, com embasamento jurídico, para alguns, e sem tal embasamento para outros, que consideram ter sido usado apenas fundamentação política. Enfim, a Nação se dividiu.
O governo atual, sob o argumento da recuperação da “economia do País”, está encaminhando e aprovando projetos de leis que reduzem direitos sociais tão duramente conquistados, através de reformas da Previdência, aumentando, por exemplo, a idade da aposentadoria para 65 anos, diminuição do Sistema Único de Saúde, sem obrigação do percentual de verbas atualmente estabelecidas, do Sistema Único da Assistência Social, da não obrigatoriedade de percentuais das verbas para Educação, diminuição dos direitos trabalhistas, dentre outros.
A Proposta de Emenda Constitucional 241/2016, de autoria do Executivo Federal, cria o “Novo Regime Fiscal” para os “próximos 20 (vinte) exercícios financeiros”, limita toda a despesa primária dos Poderes ou Instituições. Os recursos vinculados à saúde, por exemplo, não serão mais parametrizadas pelas receitas do Estado Brasileiro, mas por índice de inflação, o que gerará, ao longo destes anos, grave desfinanciamento.
O Ministério da Saúde, já dá passos para instituir através da Portaria nº 1.482/2016, projeto para a criação do de Plano de Saúde Acessível, uma verdadeira ameaça à permanência do SUS.
Frente a estes importantes problemas sociais, os leigos brasileiros organizados, inclusive em Sergipe através do CONAL, têm agido em conformidade com os ensinamentos do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, disseminando o verdadeiro valor e importância da política na dimensão da misericórdia, buscando a unidade na diversidade, e disseminando o amor que Jesus veio nos ensinar.
Unidos, conquistamos o fim do financiamento de empresas em campanhas eleitorais, a Lei da Ficha Limpa, a Lei 9.840/99, que criminaliza a compra de votos, entre outras iniciativas.
Diante desta realidade e dos valores cristãos que movem a todos e a cada um, “nós carregamos hoje a sorte de muitos irmãos nossos das gerações futuras (D -9-14)”. E os sinais só se tornam luminosos com a ação interior da graça. Nossa frente de luta é a busca de uma sociedade fraterna e justa, ao lado de cada irmão que sofre.
Precisamos estar alertas para enxergar os interesses individuais e privados que nos rodeiam e escolher os interesses públicos e coletivos, acima de tudo. Devem nos importar os destinos do país, do nosso estado e dos nossos municípios, inclusive, diante da situação eleitoral que se nos apresenta, neste momento.
Como cristãos conscientes que devemos ser, precisamos compreender o quadro político que estamos vivenciando neste ano, para que saibamos, a todo tempo, fazer escolhas.
E assim, fortes na fé e em defesa da verdadeira política, a que busca o bem comum, nos comprometemos neste dia:
1- A sermos profetas e livres para denunciar as injustiças praticadas e anunciar a todos os irmãos e cidadãos os seus direitos à vida digna, salário e condições de trabalho, moradia, alimentação, educação, saúde etc.;
2- A zelar pelos direitos já constituídos e resistir de forma pacífica, mas, firme, para preservação dos mesmos;
3- Lutar pela implementação dos direitos dos mais vulneráveis, garantindo o espaço e o respeito de cada um, em sua diversidade de expressão;
4- Escolher dentre os candidatos os FICHA LIMPA, de fato e de direito. Os comprometidos com o modelo de uma sociedade cristã, que busca o bem de todos e não de grupos ou de indivíduos;
5- Acompanhar os mandatos dos representantes políticos eleitos, criando o GAL – Grupo de Acompanhamento do Legislativo;
6 – Retomar a bandeira da Reforma Política, através de uma Constituinte para este fim, livre e soberana;
7 – Tornar a Encíclica “Laudato Sí” do Papa Francisco a nossa Cartilha, que trata da imensa crise de sustentabilidade em que vivemos.
UNIDOS POR UM PAÍS JUSTO, FRATERNO E SOLIDÁRIO!
Aracaju, 16 de setembro de 2016.
