Na alegria e compromisso que o evangelho de Jesus Cristo nos suscita, durante o período de 23 a 26 de janeiro do corrente ano, na Diocese de Rondonópolis-Guiratinga MT, nós articuladores e articuladoras e assessores e assessoras, representantes dos 18 Regionais da CNBB, a Equipe Colegiada de Assessoria Nacional, representante do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, do Secretariado do 15º Intereclesial juntamente com o Bispo anfitrião, Dom Juventino Kestering, o Bispo Referencial das CEBs Dom Gabriel Marchesi e o Presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, Dom Giovane Pereira de Melo e convidados da Diocese anfitriã, nos reunimos na Ampliada Nacional das CEBs do Brasil para refletir a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base e a preparação do 15º Intereclesial das CEBs.
Principiamos nosso trabalho com um olhar sobre a realidade atual que desafia nosso modo de viver a fé em Jesus. Vivemos um Tempo Histórico permeado de contradições políticas, econômicas e sociais, em que a natureza, dádiva de Deus, tornou-se objeto de disputas e de comercialização e os povos que nela habitam são tidos como meros instrumentos para execução do modelo neoliberal que devora a natureza e as pessoas, especialmente os mais pobres. Desafia a fé que professamos, o avanço do agronegócio, a primazia do latifúndio, o descaso com a agricultura familiar, o desmonte das culturas dos povos tradicionais, a instrumentalização da religião e a relativização dos valores de justiça socioambiental e da solidariedade.
Frente a esse cenário desafiador, ousamos continuar a sonhar e manter vivo nosso compromisso na construção de “um novo céu e uma nova terra” que começa entre nós. No anseio de animar, motivar, fortalecer e avivar as comunidades, apresentamos uma série de indicações e propostas para os regionais e dioceses. Dentre diversas ações, escolhemos o cartaz e definimos aspectos importantes para o próximo Intereclesial e assinamos o pacto pelo cuidado com a Casa Comum.
Manifestamos, através de uma carta, nosso apoio ao papa Francisco e ao seu projeto de Igreja e de sociedade em defesa dos pobres e do cuidado com a nossa Casa Comum. Acolhemos e agradecemos o apoio carinhoso que nos chegou da Pastoral da Juventude do Brasil que se reconhece como “filhos e filhas da mística profética das CEBs” e também nos interpelam a “olhar com carinho para as juventudes”. Nesse sentido reiteramos nossa acolhida e disposição a caminhar juntos, também através da carta-resposta escrita pela Ampliada. Pois, os jovens sempre terão o seu lugar entre nós.
Neste momento tão dramático de nossa história, sentimos e reafirmamos que as CEBs são missionárias e continuam sendo um instrumento eclesial e social indispensável para o resgate da humanização e solidariedade frente ao capitalismo que desumaniza.
Confiantes no Ressuscitado, trazemos sempre diante de nós a profecia: “O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz…pois, o jugo que oprimia o povo, a carga sobre seus ombros, o orgulho dos fiscais, tu os abateste”. (Is. 9,1.3)
Rondonópolis/MT, 26 de janeiro de 2020