Com uma participação muito expressiva de Leigas, Leigos, Bispo, Padres, Religiosas e Religiosos, o Conselho Nacional de Leigos e a Comissão de Justiça e Paz da CNBB Regional Oeste 1, realizaram na tarde deste sábado (18) um Seminário de Fé & Política de altíssimo nível. Com a assessoria do Padre Paulo Adolfo Simões, Secretário do Centro de Fé e Política da CNBB, que fez um resgate do caminho por onde passa a Fé e a Política, desde a Palavra de Deus, passeando pelo Velho Testamento, o Ministério de Jesus Cristo, as Cartas Apostólica até a Doutrina Social da Igreja, com destaque para o Magistério de vários pontificados, marcadamente a Carta Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII, o Concílio Vaticano II e o Magistério do Papa Francisco, que se inspira muito no Documento de Aparecida, do qual, foi um dos relatores, quando era Cardeal de Buenos Aires.
Segundo Padre Paulo, a Bíblia, desde o Gênesis até às Cartas Apostólicas, deixa muito clara, qual é a verdadeira política, basta olhar as categorias, que denotam a preferência da ação de Javé: os pobres, órfãos, viúvas e migrantes.
Segundo a Palavra de Deus, os pobres são vítimas da ambição e ganância humanas; os órfãos e as viúvas, são uma categoria, que requer muita atenção, pois eles vivem a profunda experiência da infelicidade por perdas e solidão; e os migrantes, nem sempre acolhidos como deveriam, são uma fonte de grande crescimento e enriquecimento, principalmente da cultura e da solidariedade.
Durante o Seminário, gritou muito forte, uma fala do Papa Francisco,
“É muito fácil dizer que a política é suja e não fazer nada. Os cristãos devem se meter na política e não lavar as mãos, como fez Pôncio Pilatos”.
Meter-se na política, não significa necessariamente, representar uma bandeira partidária, e sim, ir muito mais além. É estar em lugares de decisões, sindicatos, conselhos de direitos, administração da coisa pública, na construção de leis justas, que defendam a cidadania, a ética, a democracia, a liberdade e uma economia solidária, humanizada, baseada na Economia de Francisco e Clara.
É muito claro que a Igreja não é um organismo político, mas ela, em sua missão jamais poderá ser indiferente à política. As cristãs e os cristãos leigos não precisam de autorização do bispo ou do padre para atuarem politicamente, pois são delas e deles a missão de serem o sal da terra e a luz do mundo, e só, e tão somente só, vivendo sua fé verdadeira em Jesus Cristo, que jamais negociou quando se tratava de defender a vida das pessoas e a fé em Seu Pai, que mulheres e homens seguidores do Mestre e Senhor Jesus Cristo de Nazaré, poderão em perfeita sintonia com a Igreja, “ouvirem o clamor daqueles que sofrem a violência e se veem oprimidos pelos sistemas e mecanismos injustos, bem como a interpelação de um mundo que, com a sua perversidade, contradiz os desígnios do Criador” (A justiça no mundo, 1971). Só assim viverão efetivamente “a vocação da Igreja para estarem presentes no coração do mundo, a pregarem a Boa-Nova aos pobres, a libertação aos oprimidos e a alegria aos aflitos” (Idem).
Não existe a política verdadeira sem o Evangelho. Quem defende a absurda ideia de que o cristão não deve se meter em política, não é cristão e, portanto, não conhece nada do Evangelho. Isso, porque “a esperança e o impulso que animam profundamente o mundo não são alheios ao dinamismo do Evangelho, que, pela virtude do Espírito Santo, liberta os homens do pecado pessoal e das consequências do mesmo na vida social” (Idem).
E aqui nascem três perguntas que não querem calar, e que cada cristão e cristã Leigo, Ordenado ou Consagrado precisa responder:
- Como Igreja, Corpo Místico de Jesus Cristo, deve se comportar em relação à fé e à política?
- O que compreendemos da Política como uma dimensão da vivência do Evangelho?
- Qual a importância de uma escola de Fé e Política ou Fé e Cidadania que vise preparar pessoas comprometidas com a democracia, o bem comum e a ética (cristãs ou não), no Mato Grosso do Sul?