Paulo Freire falava de utopia enquanto ato de denunciar a sociedade naquilo que ela tem de injustiça e de desumanizadora e enquanto ato de anunciar a nova sociedade. Denunciar e anunciar são utopias. Precisamos formar seres que sonhem com uma sociedade humanizada, justa, verdadeira, alegre, com participação de todos nos benefícios para os quais todos trabalhamos.
O CNLB Regional Sul 4 – SC, concluiu em 18/04/2024 o Primeiro Eixo de Formação com o estudo do Documento Síntese do Sínodo. E para a condução sobre os três Capítulos do Documento Síntese, convidamos mais que especialistas, mas três testemunhas da caminhada Sinodal, desde a escuta para a Assembleia Eclesial Latino Americana e Caribenha até a participação no Sínodo em Roma em outubro de 2023.
Em 14/03/24, a Sônia Gomes de Oliveira – Presidenta do CNLB – fez-nos a abertura dos trabalhos e discorreu com o Primeiro Capítulo: O Rosto da Igreja Sinodal. Partilhando sobre sua participação no Sínodo e nos alertando de que quando falamos de Sínodo e Sinodalidade não estamos falando sobre eventos, mas sim de um modo de ser Igreja reunida numa profunda experiência de Deus. O rosto da Igreja sinodal nasce a partir do nosso Batismo e se solidifica no seguimento a Jesus Cristo na missão que se concretiza nos diferentes ministérios. Concluindo sua fala acrescenta: “O caminho da Sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do 3° milênio”.
Já, em 04/04/24 o Capítulo 02 do Documento Síntese: Todos Discípulos, Todos Missionários foi trabalhado por Cristina dos Anjos da Caritas Brasileira. Cristina, destaca alguns pontos de sua participação na Assembleia Sinodal. Evidencia que o sínodo visibiliza a diversidade, reconhece que podemos pensar diferente, sem quebra de comunhão; as quase 400 pessoas, com diferentes vocações, histórias, culturas, se colocaram em uma atitude de escuta uns dos outros e do espírito. Cristina, entre as diferentes questões trazidas, destaca a das Mulheres na Vida e Missão da Igreja:
- Em Cristo, mulheres e homens estão revestidos de igual dignidade batismal e recebem por igual a variedade dos dons do Espírito, mas na prática ainda é bastante teórico;
- As mulheres clamam justiça em sociedades ainda muito marcadas pela violência sexual e desigualdades econômicas e pela tendencia a tratar as mulheres como objetos;
- O Clericalismo, o machismo e o uso inadequado da autoridade, seguem marcando o rosto da igreja e prejudicando a comunhão;
- E, quanto a necessidade de uma profunda conversão espiritual como base de qualquer mudança estrutural.
Enfatizando, ainda, que esse Capítulo parte do princípio de que a Igreja é toda ela missão, somos chamados/as enquanto sujeitos eclesiais, a sermos corresponsáveis com a vida e missão de uma igreja sinodal, em razão da nossa dignidade que brota do nosso batismo.
O terceiro e último Capítulo, não menos importante, foi trabalhado por Agenor Brighenti em 18/04/24. Há vários anos, Agenor, acompanha Assembleias, Conferencias a nível de América Latina e integra o CELAM e contribui na assessoria do Sínodo e desta forma compartilhou conosco, com muita propriedade e simplicidade, o Capitulo 3: Tecer Laços, construir Comunidade. Começa falando que Sínodo é um processo e por isso não deveria terminar em 2024 como está previsto, até por que em muitos lugares este processo da Igreja Sinodal ainda não chegou.
Dentro deste contexto partilhou, que devido a velocidade das inovações tecnológicas e comunicacionais, a cada 4 anos mudam-se as gerações, e por isso uma formação consistente é necessária para orientação dos sujeitos eclesiais. E, para sermos sujeitos hoje, precisamos ter mentalidade de mudança e não mudança de mentalidade.
Desse modo reforça a importância da Formação Permanente e conjunta: cristãos leigos/as, religiosas/os, padres; de se repensar o perfil dos Seminários com uma formação mais próxima do povo. Uma formação mediada pela ciência e encharcada de realidade, pois precisamos discernir questões espinhosas tendo por exemplo: Identidade e gênero; a inteligência artificial, enfatizando o necessário discernimento eclesial e que neste discernimento haja especialistas como: economistas, sociólogos, historiadores entre outros.
Dizia o quanto é imprescindível sermos hoje uma Igreja profética, o quanto são necessários os organismos do Povo de Deus bem articulados e funcionando. A necessária participação dos cristãos leigos e leigas nas decisões da caminhada da Igreja, junto as Dioceses, aos Bispos para tornar-se um processo sinodal. Enfim concluiu sua fala deixando questionamentos e nos incentivando a darmos continuidade as formações, como um espaço do protagonismo laical.
Daremos continuidade no mês de Maio, dias 09,16 e 23 com as aulas virtuais com o Eixo 02: Encíclica Fratelli Tutti com assessoria de Neuza Mafra, cristã leiga da Diocese de Criciúma/SC.