Em audiência geral nesta quarta-feira, 15, o papa Francisco recebeu centenas de peregrinos na Praça São Pedro. Na catequese, o pontífice refletiu sobre a cura do cego de Jericó.
“Naqueles tempos, mas até pouco tempo atrás, um cego só podia viver de esmolas. A figura deste cego representa tantas pessoas que, também hoje, se encontram marginalizadas por causa de um problema físico e ou de outro gênero”, disse Francisco.
“Na beira da estrada, o cego é apartado e reprovado pela multidão, porque clama por Jesus. Não sentem compaixão por ele, pelo contrário, se sentem incomodados com seus gritos”, afirmou o papa.
Indiferença e hostilidade
Francisco indagou aos presentes sobre quantas vezes vemos pessoas nas ruas doentes, sem comida e nos sentimos incomodados. “Vemos refugiados e isso nos incomoda. É uma tentação que todos temos, até eu. E por vezes, a indiferença e a hostilidade se transformam em agressão e insulto”, enfatizou.
“A indiferença e a hostilidade tornam cegos e surdos, impedem de ver os irmãos e não permitem reconhecer neles o Senhor”, completou o papa.
O pontífice explicou ainda que na passagem, sem se deixar intimidar, o cego clama várias vezes, reconhecendo Jesus como Filho de Davi, o Messias aguardado. “Diferentemente da multidão, este cego vê com os olhos da fé. Graças a ela, a sua súplica tem uma eficácia poderosa. Jesus então tira o cego da margem da estrada e o coloca no centro da atenção dos seus discípulos e da multidão. Pensemos em nossas situações ruins, de pecado: Jesus segura a nossa mão e nos conduz ao caminho da salvação”, afirma.
“Deste modo, obriga todos a se conscientizarem de que a boa nova implica colocar no centro do próprio caminho quem está excluído. A passagem do Senhor é um encontro de misericórdia que reúne todos em volta Dele para permitir reconhecer quem necessita de ajuda e de consolação”, disse ainda o papa.
Por fim, o papa cita a parte em que Jesus pergunta o que o cego deseja. Este por sua vez responde chamando-o não mais de “Filho de Davi”, mas “Senhor” e pede para que recupere sua visão. O seu desejo então é atendido com as seguintes palavras: “Vê, a tua fé te salvou”.
O cego recupera a visão e, sobretudo, se sente amado por Jesus. Por isso, decide segui-lo, e se tornar discípulo. “De mendigo a discípulo. Todos nós somos mendicantes, passamos de mendigos a discípulos. Quem queriam calar, agora testemunha em alta voz o seu encontro com Jesus de Nazaré. Verifica-se então um segundo milagre: a cura do cego permite que também a multidão veja além das aparências. Assim Jesus derrama a sua misericórdia sobre todos os que encontra. Deixemos que Jesus nos cure, nos perdoe”, concluiu o papa.