Está prevista para o próximo domingo, em Madrid, a grande final da Copa Libertadores da América, o torneio mais importante de clubes da América Latina.
Um episódio de violência fez com que a segunda partida da decisão entre os clubes argentinos River Plate e Boca Juniors fosse adiada e depois remarcada para um novo endereço, a mais de 10 mil quilômetros de distância, do outro lado do Atlântico.
A rivalidade entre torcidas com manifestações violentas e as reações mais exaltadas de jogadores dentro de campo podem ser confrontadas com falas do papa Francisco sobre a realidade desportiva. O pontífice, ao falar a respeito, sempre procura destacar os valores humanos e cristãos relacionados ao esporte.
Em agosto de 2013, por ocasião de um amistoso entre as seleções de futebol da Itália e da Argentina, o papa recebeu as duas delegações. Aos dirigentes, Francisco encorajou o trabalho de promoção de um “desporto autêntico”. Frente à realidade na qual o futebol se transformou em “um grande business”, o pontífice pediu que os cartolas atuem “a fim de que não perca a sua índole desportiva”, ressaltando o desejo de que se promova atitudes como a de jogadores amadores: “Quando as seleções caminham por esta estrada, o estádio enriquece-se humanamente, desaparece a violência voltam-se a ver famílias nas arquibancadas”.
Dirigindo-se aos jogadores, nos grupos que incluíam Messi, Mascherano, Buffon e Balotelli, pediu: “vivais o desporto como uma dádiva de Deus, como uma oportunidade para fazer frutificar os vossos talentos, mas também uma responsabilidade”. Francisco recordou que o comportamento dos atletas “tanto no campo como fora, na vida”, é referência.
“Com a vossa conduta, com o vosso jogo, com os vossos valores, realizais o bem, as pessoas olham para vós; então, aproveiteis para semear o bem. Embora não vos deis conta, para muitas pessoas que olham para vós com admiração sois um modelo, no bem e no mal. Sede conscientes disto e deem exemplos de lealdade, respeito e altruísmo. Vós também sois artífices do entendimento e da paz social, artífices do entendimento e da paz social, da qual temos grande necessidade. Vós sois um ponto de referência para muitos jovens e modelo de valores encarnados na vida”.
Em 2016, quando foi realizado o primeiro Encontro Mundial sobre “esporte e fé”, o papa sugeriu como tarefa e desafio, aos representantes do esporte e das empresas que patrocinam eventos esportivos, “preservar a autenticidade do desporto, em protegê-lo das manipulações e da exploração comercial”. Para Francisco, seria triste, para o desporto e para a humanidade, “se as pessoas já não conseguissem confiar na verdade dos resultados desportivos, ou se o cinismo e o desencanto prevalecessem sobre o entusiasmo e sobre a participação alegre e desinteressada”.
Neste ano, o papa ofereceu sua contribuição à campanha “Esporte, letra por letra”. Um acróstico da palavra “Sport” faz parte da obra que reuniu mais de mil pensamentos e palavras coletados em dois meses nas redes sociais. Em cada letra da palavra em italiano, há uma profundidade que reflete o magistério de Francisco.
‘S’ (sport): “desenvolvimento (sviluppo) humano integral”.
‘P’: o esporte deve ser “para todos”. Não só para profissionais, mas também para amadores e especialmente para os mais pobres.
‘O’: “honestidade” (onestà), ou seja, no compromisso de combater a corrupção, incluindo o doping.
‘R’: “Respeito pela dignidade de todos”, com uma referência particular ao extraordinário mundo paraolímpico.
‘T’: “transcendência e inspiração”.