Leigos e leigas convocados a construir novas perspectivas para a Igreja

O corpo eclesial em movimento e nas mãos trechos de documentos históricos, norteadores da função do laicato e do papel das leigas e leigos no Brasil na Igreja viva. É esse o clima que tempera a realização, por meio remoto, da 39ª Assembleia Ordinária do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB).

Por: Ivania Vieira

A abertura ocorrerá logo mais às 19h30 h (horário Brasília). De acordo com a secretaria do CNLB, até às 13h desta quinta-feira, 209 delegados, de todo Brasil estavam inscritos esse grande encontro a se desenvolver até sábado (5).

Dom Giovane Pereira de Melo bispo de Tocantinopolis-TO, presidente da Comissão Episcopal para o Laicato na CNBB, enfatizou quatro verbos durante entrevista coletiva sobre a 39ª Assembleia do CNLB, realizada, remotamente, às 13h desta quinta-feira (3). Mobilizar, abrir, valorizar, olhar. O bispo disse que o leigo eclesial precisa ocupar espaço na sociedade e, em tom de convocação dos leigos e das leigas, disse “não podemos ignorar o luto, a dor das famílias brasileiras, mas sim ser solidários, escutar as pessoas vitimizadas, rezar com elas”.

Dom Giovane destacou a importância de mobilizar o lacaito para que se faça guardião da esperança; abrir janelas “que significa abrir novas perspectivas para a Igreja, à esperança e assume caráter profético”; valorizar a Igreja doméstica “sem nos fecharmos em nós mesmos, e sim ir ao encontro do Outro”; e olhar cuidadosamente as boas ações em defesa da Casa Comum, assumindo a defesa de uma agenda ecológica na/pela Igreja, oferecendo a esta Igreja novas perspectivas tanto na eclesialidade quanto na sociedade”.  Defendeu mais atenção por parte das dioceses e da Igreja ao processo de formação dos leigos e leigas.

COMO FAZER A ESCUTA ESCUTAR?

Instado pela mediadora da entrevista coletiva, Patrícia Cabral, a falar sobre a escuta a partir dos lugares mais profundos do Brasil, o cristão leigo, assessor da assessor da pastoral episcopal para o Laicato da CNBB  Laudelino Amaral apontou o processo em permanente construção do ato educador de escutar. A escuta “é uma marca da sinodalidade”, assim como as perguntas. “Como está a realidade latino-americana e caribenha?”.

São respostas que a 39ª Assembleia do CNLB busca. Com dimensões continentais, o grande encontro dos leigos e leigas assume o desafio de tecer redes que, na apresentação feita pelo Laudelino Amaral durante a coletiva, se expressão pelos organismos da Igreja, pelos movimentos sociais, coletivos comunitários. “São esses organismos, os que atuam ativamente como Igreja e os que atuam como forças vivas da comunidade, mesmo que não estejam nas missas, nas pastorais, fazem um trabalho de enorme relevância, os que irão fazer a escuta ser a mais abrangente possível. A nós cabe animar esse movimento para que tenhamos novas expressões e tracemos novos caminhos como leigos e leigas”, propor o religioso para quem “escutar é a encarnação do verbo de Deus na realidade”.

QUANDO AS PORTAS SE FECHAM…

A presidenta do CNLB, Sônia Pereira, irá presidir pela primeira vez uma assembleia de leigos e leigas. Na entrevista desta quinta-feira, Sônia disse que o coração dela ardia entre ansiedade e alegria por esse momento que “além do desafio da pandemia, coloca outros desafios como o de ter consciência de SER LEIGO”.

“Precisamos como leigo e leiga eclesial ocupar espaço na sociedade por que quando as portas (de casa e da Igreja) se fecham, são os pobres e os desamparados que saem”, disse Sônia Pereira ao situar a sociedade “ferida e doente” que precisa esperançar e ter referência do agir e do avançar no amor, no respeito.

Sônia afirma que a pandemia revelou a face mais grotesca da desigualdade e do egoísmo ao mesmo tempo que aponta para a necessidade de além da cesta básica, do auxílio emergencial. “Se somos sal da terra, precisamos agir como aqueles e aquelas que iluminam o mundo, compreender esse campo da sociedade e nos colocarmos como laicato profético; se vivemos um tempo de encruzilhada, devemos seguir juntos e juntas para sair dela e beber nas vereadas” que irrigam a vida.

Para a presidente do CNLB, não é papel do leigo e da leiga ser tarefeiro e se contentar com esse exercício. Ao contrário, deve estudar, rezar, vivenciar o tempo consigo e com os outros. “Precisamos reinventar nosso jeito de evangelizar, segurar nas mãos uns dos outros e dar o tom do nosso caminhar na alegria de ser batizado e em defesa da Casa Comum, das mulheres, das juventudes, dos povos tradicionais”. Sônia Pereira indicou outro desafio aos leigos e leigas: amar como Jesus amou e sonhar como Jesus sonhou.

É nesse ritmo que a 39ª Assembleia Ordinária do CNLB se apresenta alimentada pelo tema: “Cristãos leigos e leigas em missão: respondendo aos desafios”.

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