O Conselho Nacional do Laicato do Brasil vem a público manifestar seu mais veemente repúdio ao apoio explícito do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, às manifestações que incentivam e defendem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Esse episódio precisa ser denunciado ainda mais vigorosamente, depois do Presidente, em sua live semanal nas redes sociais, mentir à Nação, mais uma vez, dizendo se tratar de postagens de um protesto do ano de 2015, algo completamente impossível, tendo em vista que o material audiovisual contém cenas do atentado à faca sofrido por Bolsonaro em 2018.
O CNLB reafirma o que disse dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro e Secretário Geral da CNBB, por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade 2020: “a Igreja estará apoiando as iniciativas que preservarem a Democracia”. Motiva-nos a convicção de que “se nós queremos defender a vida, precisamos defender o diálogo e a democracia. Isso é a Igreja, isso é o Evangelho”.
Não se pode flertar com o autoritarismo nem permitir que as instituições garantidoras do Estado Democrático de Direito sejam ameaçadas ou colocadas em risco, ainda que devam ser sempre aperfeiçoadas, superando suas contradições e seus limites. Em nenhum momento se pode cogitar a suspensão de um dos pilares fundamentais da democracia que é a autonomia destas Instituições. Não aceitamos que a população brasileira seja submetida novamente a regimes que desrespeitam a liberdade, impondo uma única visão de sociedade sob o signo da violência. A democracia é uma dura e longa conquista que custou muitas vidas. Acreditamos e, junto com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade, estaremos empenhados, como Cristãos Leigos e Leigas, na valorização da liberdade e na busca da igualdade e da fraternidade.
A concentração do poder, tanto político como econômico, só agravam a desigualdade social, gerando miséria e mais e mais violência.
República vai de encontro ao estabelecido em nossa Constituição, podendo configurar crime de responsabilidade conforme o Inciso II, do Artigo 85 de nossa Carta Magna, afrontando também o Art. 1º, parágrafo único, que afirma que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, onde o Congresso é parte importante. Convocamos os Cristãos Leigos e Leigas a assumirem cada vez mais o seu protagonismo neste mundo, ao qual não devemos nos acomodar, mas transformá-lo (cf. Rm 12,2), sendo sal e luz no processo das lutas do povo brasileiro na defesa da democracia e dos seus direitos, ajudando a construir uma Nação soberana, que respeita suas Instituições e defende dignidade da vida humana.
