Há mais de dois mil anos, os Evangelhos relatam o rosto de Jesus Cristo, filho de Deus, crucificado entre dois malfeitores, pelo poder político e religioso da época. Os motivos desse trágico acontecimento narram dois pontos primordiais: a desobediência às leis judaicas e a instauração do “REINO DE DEUS” entre os homens e mulheres da terra. Reino de justiça, de fraternidade, de perdão, de misericórdia, de amor mútuo e de paz.
Por: Maria das Graças Ferreira
Atualmente, em pleno percurso e início do terceiro milênio, a cena da crucificação se repete escancaradamente entre nós. Os que crucificam são os mesmos atores da época de Jesus de Nazaré: o poder político e o poder religioso.
Detectando os rostos dos crucificados pelo sistema capitalista que acumula as riquezas para uma minoria de privilegiados do mundo inteiro em detrimento da grande maioria que passam fome, dormem ao relento das ruas das nossas cidades, nas periferias fétidas sem nenhum saneamento básico e se alimentam com restos de comida estragadas jogados nos grandes lixões. Rosto de pais e mães à porta dos hospitais clamando por saúde pública, nas portas das escolas na busca de uma educação básica e de qualidade para seus filhos. O rosto de jovens e até crianças dependentes químicos servindo de trampolim para os ricos traficantes de entorpecentes.
Diante desses rostos sofridos, as igrejas falam em nome de Jesus de Nazaré, o crucificado de Jerusalém, e aos gritos de louvores não são capazes de identificá-lo nos “caídos à beira da Estrada”, como bem fala a parábola do Bom Samaritano. (cf. Lc 10,25-37)