Os desafios para especialistas na 2ª sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos

A 2ª sessão do Sínodo dos Bispos destaca desafios importantes para a Igreja, incluindo a escuta do Espírito Santo, a unidade na diversidade e a aplicação prática dos resultados sinodais nas Igrejas locais, em busca de uma verdadeira sinodalidade

Texto de Luz Marina Medina – Portal ADN CELAM

Avançando no caminho da sinodalidade, o ADN Celam se dedicou a conversar com alguns dos especialistas que estiveram presentes, acompanhando e oferecendo suas contribuições ao processo do Sínodo, os quais compartilharam os desafios que se apresentam para esta 2.ª sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

É importante lembrar que a abertura do caminho sinodal começou em 9 de outubro de 2021. Agora, a Igreja universal se encontra na segunda sessão desta Assembleia, que está sendo realizada em Roma desde o dia 2 de outubro e se estenderá até o dia 27 deste mês.

“O processo sinodal não deve se limitar apenas à reflexão”

“O caminho sinodal é uma oportunidade que o Espírito Santo nos dá para vivermos uma vida digna, segundo o que Deus deseja para nós,” afirmou o cardeal Luis José Rueda, arcebispo de Bogotá. Além disso, o purpurado explicou três aspectos que, em sua opinião, são os grandes desafios desta segunda fase do Sínodo.

Primeiro, ele destacou que se deve ouvir a voz do Espírito Santo, ou seja, “o que o Espírito quer para a Igreja universal”. Para isso, ele advertiu que é necessário que todos estejam envolvidos, não somente os que participam da assembleia do Sínodo, mas todos os batizados, homens e mulheres. “Todos devem estar atentos e dispostos a ouvir para se deixar conduzir pelo Espírito Santo.”

Em segundo lugar, em relação a todo o trabalho e as contribuições recolhidas na primeira fase, ele destacou que é importante e fundamental preservar, construir e dinamizar a unidade da Igreja Universal, que, em última instância, é o que promove a comunhão na Igreja. No entanto, ele alertou que isso só é alcançado entendendo e respeitando as diferenças culturais de cada continente.

Por último, ele afirmou que é primordial que todo esse processo não se limite a uma reflexão dentro da sala sinodal. Ele espera que, posteriormente, os resultados sejam aplicados na vida da Igreja. “De tal forma que o Sínodo se torne verdadeiramente uma missão, uma maneira de ser, servir e estar como Igreja no meio do povo, para servi-lo em nome de Cristo.”

O Sínodo deve se concretizar nas Igrejas locais

Por sua vez, a irmã Birgit Weiler, como consultora do Secretariado Geral do Sínodo e que está presente em Roma, disse que espera, após esta segunda fase, que o que foi colhido como fruto dos processos de escuta das comunidades locais seja traduzido em passos e procedimentos concretos e, assim, se “dissemine como ondas expansivas, para que, cada vez mais, nas diversas igrejas locais, se gerem realidades e culturas sinodais”.

Além disso, ela explicou que todos, como membros do povo de Deus com a mesma dignidade e no mútuo apreço por esses carismas que lhes foram concedidos, devem ajudar a facilitar e contribuir, em conjunto, no caminho sinodal proposto pela Igreja. Para isso, ela destacou que é necessário uma mudança ou fortalecimento das estruturas da Igreja, tanto a nível local, regional e universal, que facilitem a prática de uma autêntica sinodalidade.

A teóloga alemã também falou sobre o pedido que surge das consultas para incluir mais mulheres nos espaços de discussão e tomada de decisões; e sobre um possível diaconato feminino, destacando que essas questões continuarão sendo discernidas pelos participantes da sessão do Sínodo para decisões futuras sobre esses temas.

Por último, ela apontou que o maior desafio da segunda etapa do Sínodo será entusiasmar as igrejas locais para a implementação deste processo, a fim de que mais pessoas saibam o que significa esse caminho sinodal da Igreja. Ao se referir aos bispos e sacerdotes que ainda estão um pouco distantes desse caminho, ela disse: “é necessário ajudá-los a descobrir a riqueza que uma Igreja sinodal traz e o porquê é tão importante vivê-la para seguir coerente com Jesus.”

“Esperam-se decisões que contribuam para o futuro da Igreja”

Há algum tempo, o pesquisador argentino Carlos Schickendantz tem acompanhado de perto e contribuído para a reforma eclesial proposta pelo Papa Francisco através do Sínodo da sinodalidade, e disse que ainda há muitos questionamentos sobre como este processo da segunda fase, iniciado em 2 de outubro, vai amadurecer.

O sacerdote indicou que, embora o Pontífice tenha afirmado que não está interessado em temas particulares, mas em revisar a qualidade sinodal da Igreja nos níveis local, regional e universal, existe uma expectativa de que sejam tomadas decisões que contribuam para o futuro da Igreja. Ele também lembrou que este é um processo que vem de muito tempo: “Estamos lidando com reformas de longo prazo, não são coisas pequenas, e são profundas na vida da Igreja.”

Para o teólogo argentino, fazer mudanças em uma Igreja fundada na hierarquia, para uma fundada na totalidade do povo de Deus, implica uma reforma de grande alcance. Esta é precisamente a proposta do processo sinodal que o Papa Francisco está propondo, o que, segundo ele, “obriga seus líderes — bispos, presbíteros e diáconos — a repensarem sua identidade em um contexto mais amplo.”

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