O Senhor Ressuscitou e nos confirma sua presença para sempre com o envio do Espírito Santo entre nós!
Por: Dalva Maria de Almeida
Quando falamos em Pentecostes vem-nos a ideia da vinda do Espírito Santo; cinquenta dias após a Ressurreição do Senhor; a própria palavra Pentecostes, significa “quinquagésimo” dia após a Páscoa.
Estamos então nos relacionando com um evento que fecha o ciclo Pascal, mas que deixa um grande desafio aos discípulos de Jesus: produzir frutos, permanecer no amor do Ressuscitado que através do seu Espírito enviado em Pentecostes ficará eternamente na comunidade daqueles que creem mesmo sem ter visto!
No Antigo Testamento Pentecostes é a Festa das Colheitas, uma Festa que tinha duração de sete semanas, lembrando que o número sete é a totalidade, é perfeição! Mas que colheita era essa?
De origem judaica, a comemoração era realizada como agradecimento a Deus, pelo suprimento das necessidades do povo. Era nessa festa que o povo eleito do Senhor, realizava a colheita e as entregas das primícias ou primeiros frutos a Deus (Êxodo 23,16), e por isso, também ficou conhecida como Festa das Primícias ou do Tabernáculo.
Cinquenta dias após a Páscoa, era necessário agradecer a Deus que provia a terra e a possibilidade da plantação já que na Criação ele conferiu ao ser humano a tarefa de cuidar, de gerar a família humana e da terra com seus frutos prover o sustento das famílias, de seus clãs, ou seja, dar também o melhor à Deus!
Pentecostes é considerado então a Coroa do Tempo Pascal, traz uma garantia de nascermos e renascermos em Cristo o Eterno Sacerdote e pela força do seu Espírito para que nos recordemos de suas ações, gestos, palavras e ensinamentos e possamos reconhecer e responder ao Projeto de Deus!
Pentecostes no celebrar do Cristianismo é uma das celebrações mais importantes do calendário cristão e comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo; Maria que já era portadora do Espírito Santo está juntamente com aquela comunidade primitiva no Cenáculo aguardando com eles, seguidores de Jesus, a promessa que o próprio Jesus, seu Filho havia feito no momento de sua Ascensão aos céus:
“Vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Cl 24,46-53).
Com este evento da Ascensão aos céus a força de Pentecostes ganha espaço para dar credibilidade à todas as promessas do Filho Amado que mandaria aquele que seria nosso Advogado, nosso Defensor, o Paráclito que animaria nossas ações de discípulos missionários do Mestre Ressuscitado que agora permanece em seu lugar divino à direita do Pai.
O Espírito Santo que também o reconhecemos como a terceira pessoa da Santíssima Trindade se faz presente em nossa história do começo ao fim, desde o acontecimento da Criação divina onde pairava sobre as águas, no sopro divino sobre o ser humano, como um hálito que dá a vida e configura todo o nosso ser, na verdadeira qualidade de ser criado por Deus na própria imagem trinitária.
Falar a linguagem do Espírito é uma resposta tanto por conta da Criação como pela caminhada de Salvação que se tornou visível na pessoa de Jesus Cristo que foi impelido e provado pelas tentações do mundo e não fraquejou por que o Espírito estava sobre ele durante todo o tempo: “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto” (Lc 4,1)
E, é este mesmo Espírito que Ele nos envia e que nos dá os seus dons ressaltando sua importância para cada um de nós batizados: Espírito de Sabedoria, de Entendimento, de Conselho; de Fortaleza; de Ciência; de Piedade; de Temor de Deus!
Pentecostes, é a comunidade reunida pelo Espírito de Jesus, torna-se a Epifania de Deus, proclamando as suas maravilhas, levando o projeto de Deus a todos os povos. Forma o corpo de Cristo e bebe do único Espírito. Por isso, na Comunidade Cristã, cada pessoa é um dom do Espírito para formar a comum: a unidade. Ninguém possui plenamente o Espírito e ninguém está privado dele. Na união de todos é que se forma o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo.
Cinquenta dias após a Páscoa, o Espírito Santo, como um vento, se manifesta aos discípulos de Jesus enquanto se encontravam reunidos no Cenáculo. O Espírito Santo concede aos discípulos a capacidade de proclamarem e testemunharem o Evangelho nas línguas e nas culturas dos povos. O Ressuscitado concede aos seus discípulos três dádivas: a paz enquanto superação do medo da morte, a alegria que permite a eles reconhecer Jesus como o Senhor, e o Espírito Santo que os habita a darem continuidade à missão do Mestre mediante o perdão dos pecados.
Na Ressurreição Jesus sopra sobre os discípulos. Esse gesto recorda a ação de Deus no início da criação, quando dá a vida ao ser humano. Assim ele inaugura a convocação dos povos para formar o novo povo de Deus, a Igreja. Soprando sobre eles, eles recebem a mesma capacidade de amor que Jesus recebeu do Pai.
Adentrando ao cenário do Novo Testamento a cena de Pentecostes deixa bem claro a missão dos apóstolos e discípulos. É necessário colocar em prática toda obra salvadora em prol de uma humanidade tão sofrida e daquela que se apresenta a nós com todos os seus desafios e necessidades de intervenção, em vários setores da vida: política, econômica, social, religiosa, cultural, e em todas as dimensões e instâncias onde a vida precisa ser defendida e promovida já que ela é o sopro divino do Criador, seu Espírito que fica conosco!
Pentecostes, o Espírito Santo deve estar presente na prática dos Cristãos Leigos e Leigas, que iluminados pelo Espírito Santo os Cristãos Leigos e Leigas fazem memória da prática de Jesus e desmascaram o mundo com sua prática desumana e pecaminosa, indiferente às questões da vida,
Em Pentecostes falamos muito e ressaltamos este operar do Espírito que vem e que já havia se manifestado no decorrer da história da nossa salvação, do Antigo ao Novo Testamento, percorreu conosco os eventos da nossa caminhada de Povo de Deus.
O Espírito Santo sempre foi e sempre será está presença animadora, geradora de vida e fortalecedora das ações dos seguidores de Jesus, porque ele emana do Pai e do Filho, do Pai para o cuidado com a Criação e com o Filho para que todos os povos creiam na Salvação realizada uma vez só por Jesus, o Cristo, o Ungido de Deus! “Derramarei o meu Espírito sobre todo o ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões. Naqueles dias, derramarei também o meu espírito sobre os escravos e as escravas.” (Jl 3,1-2; Ez 36, 25-27, Is 44,3).
Pentecostes é a realização dessas promessas a respeito do Espírito. E a nós, a quem coube viver nesses tempos em que Pentecostes já é uma realidade, é dada a possibilidade de desfrutar os privilégios que o novo modo do Espírito Santo estar presente e agir veio nos trazer.
“Enviai o vosso espírito, senhor, e da terra toda face renovai.”
O dom do Espírito Santo capacita os batizados a colocarem as suas capacidades e aptidões a serviço do crescimento e vitalidade da comunidade. O mesmo Espírito que agiu em Jesus ficará agora com a com unidade em suas lutas contra uma sociedade injusta, contra as perseguições, em suas ações sociais e lutas pela defesa e promoção da vida humana.
E nós Cristãos Leigos e Leigas como vamos acolher este Espírito em nós, e como seremos estas testemunhas do Ressuscitado, para que o mundo creia?
Aos Cristãos leigos e leigas, batizados, Povo de Deus, Corpo Místico de Cristo cabe este novo olhar e arder dos corações, o ficar unidos a Jesus que nos nutre com seu Espírito da Verdade, que nos faz agir e tornar realidade o sonho de Deus! Portanto, transformemos o medo em coragem, a tristeza em alegria e façamos com esta presença definitiva do Senhor Glorioso em nossa história, a grande festa da vida, semeando e colhendo os nossos frutos no tempo oportuno com a força do Espírito! Feliz Festa das Colheitas! Feliz Pentecostes!
Que o Espírito seja tudo em todos!
Dalva Maria de Almeida – Secretaria Adjunta do CNLB Regional Sul 1
