Trabalho: saiba como o tema foi abordado durante a 56ª AG CNBB

Recém-chegado da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorrida de 11 a 20 de abril, em Aparecida (SP), o bispo de Jales e referencial da Pastoral Operária Nacional, dom Reginaldo Andrietta concedeu entrevista sobre sua participação no evento e falou sobre como o mundo do trabalho foi pautado, mesmo que indiretamente, no evento anual que reuniu o episcopado brasileiro.

Dom Reginaldo disse que ao tratarem do tema central “Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil” na Assembleia, informalmente muitos bispos expressaram dificuldades com presbíteros, que não tendo vivido a experiência do trabalho profissional, entendem que a Igreja deve lhes providenciar tudo que necessitam sem valorizar seus esforços pessoais. “Essa deformação é um grande desafio a ser convenientemente tratado na formação de novos presbíteros”, afirmou.

O bispo fez questão de enfatizar que o mundo do trabalho esteve presente, também, na proposta apresentada por ele, em plenária, a respeito do próximo Sínodo dos Bispos sobre “Os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional”. “Falei sobre a importância de considerar o trabalho como um eixo temático no Sínodo, em torno do projeto de vida de adolescentes e jovens”, comentou.

“O trabalho é um aspecto fundamental no projeto de vida de uma pessoa, desde a sua adolescência, quando esta se preocupa em conseguir emprego e decidir sua carreira profissional (…)”.

Na entrevista, dom Andrietta afirma ainda que a temática do trabalho se mostrou presente na Assembleia por meio das realidades apresentadas por diversos organismos e pastorais, de modo especial, pela Pastoral do Menor, bem como na mensagem da CNBB para as Eleições 2018.

Olhar da Igreja

Questionado sobre o olhar da Igreja em relação à temática do trabalho, dom Reginaldo argumenta que esse assunto é bem considerado pela CNBB. “Ela se manifesta sempre muito atenta ao que está se passando no mundo do trabalho, de modo especial na maneira como o poder público trata essa realidade”, diz. Prova disso, segundo o bispo são os documentos e as constantes mensagens da CNBB, que fazem eco de encíclicas, exortações apostólicas e pronunciamentos papais, como a Laborem Exercens (Trabalho Humano), Sollicitudo Rei Socialis (Preocupações Sociais) e a Centesimus Annus (Centésimo Ano) do papa João Paulo II.

Para ele, a espiritualidade do trabalho não é um tema vencido na Igreja, e que o próprio papa Francisco reforçou em mensagem dirigida aos participantes de um Encontro Internacional de Entidades Sindicais no Vaticano, em 2017, que o “trabalho não pode ser considerado uma mercadoria ou um mero instrumento na cadeia produtiva de bens e serviços, mas, sendo primordial para o desenvolvimento, tem preferência em relação a qualquer outro fator de produção, incluindo o capital”.

Por fim, o bispo disse que a 56ª Assembleia Geral demonstrou, como sempre, preocupação com temas sociais no geral, de modo muito intenso em sua análise de conjuntura, na qual de acordo com ele, se fez um recorrido histórico sobre as políticas econômicas adotadas por distintos governos, culminando no atual governo.

Confira a entrevista completa realizada pela Pastoral Operária Nacional.

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