Assim foi a acolhida, no estilo de sentir-se em casa, onde cada um que adentrava na sala, acolhia e partilhava a alegria do encontro, de maneira singular e carismática, até relembrando momentos vivenciados no primeiro dia do Seminário com descontração e entusiasmo.
Por: Érica Maria de Araújo Carvalho – RN1
Para oração inicial foi proposto a espiritualidade do Ofício Divino das Comunidades conduzida por Vanda – CNLB, no momento da Recordação da Vida foram citadas: a 40ª Assembleia Geral dos Leigos, a Romaria dos Mártires na Jornada ampliada das CEB´s, a criação de novas comissões Justiça e Paz, a mais nova comissão Regional Nordeste 4 (Piauí), as novas Escolas de Fé e Política com a Escola Ir. Dorothy Stang de Campos- RJ. As falas orantes trouxeram inspirações para que reconheçamos que não é possível uma sociedade justa e fraterna, se não houver a participação na política e da política, possamos encantar-nos pelo bem viver, bem comum, nessa fraternidade, nessa entrega pelos mais empobrecidos. Qual o problema nosso, nesta caminhada? Falta organizar as pequenas comunidades, formar as nossas lideranças, parafraseando Frei Beto.
Iluminar para encantar-se
Dom Geovane: fez as boas-vindas, trazendo a análise de que “eu preciso respeitar o outro, a liberdade, reconhecer que posso estar errado em minha leitura, devemos vivenciar o ensino social da Igreja”.
Sônia: enfatiza que “o caderno encantar a política não é só um caderno para eleições 2022, mas um Projeto pensado em 2020, com quatro Comissões e Organismos”, e neste processo, recordando a fala de Dom Roberto sobre as Sementes Crioulas, afirma que “o Projeto Encantar a Política é uma semente crioula, quer ter a vasta gama, e nunca vende sua semente, mas troca as sementes”, a luz da Doutrina Social da Igreja e o que o Papa Francisco nos inspira a querer ser esse espaço de troca de sementes. Assim fez a apresentação do Assessor.
Pedro inicia sua fala com um questionamento: porque é preciso encantar a política? Porque a Igreja Católica perdeu essa voz? Assim discorre sua análise, que não temos dentro da história republicana “uma política boa”, trazendo referencias do final da Guerra Fria, a vitória do mundo capitalista, neoliberal, globalização, onde a economia vai se tornar o mundo, aluzindo o pensamento a partir dos anos 90 para gestores administradores, e fazer o mínimo de administração não é tomar “decisão política”.
A mudança cultural que visa o individualismo, ou seja, o princípio de que a sociedade não existe, existe o individuo e sua família, assim na prática para comprar uma liberdade individual, o estado surge como o garantidor dos direitos individuais, exemplo: a vacina, “eu não vou vacinar”. O Neoliberalismo tem a pauta moral, assim as igrejas cristãs foram facilmente aderindo, por exemplo: “salva a tua alma, ou seja, cada um com ideia individualista, esquecendo que o Reino é para todos”. Na perspectiva de como são feitas as escolhas dos representantes, enfatiza-se que são através de “Propagandas Eleitorais, os Marqueteiros, que surgem para lapidar a escolha popular.
Diante de tudo isso, surge o que chamou de voz profética, Papa Francisco, vem reforçar que somos todos irmãos e irmãs, a revolução da solidariedade (ser solidário entre nós), incluindo a irmã Terra, estamos todos no mesmo barco. Encantar a Política é uma mudança cultural, quando o Papa nos chama a atenção para universalização do amor cristão, trazendo a parábola do Samaritano: quem é meu próximo? Aquele que precisa de nós, todos que estão com a vida ameaçada, isso é ensino social, buscar o essencial e ir adaptando.
Para construir pontes precisa da política, as grandes causas do evangelho são justiça e paz, e onde houverem essas causas, haverá o sinal do Reino de Deus, lembra então o Grito pela Terra, o cuidar da Casa Comum. Além disso, ressalta que o momento político, o imperativo da política é unir o País, precisamos da democracia, de maneira participativa, e tendo os critérios éticos, e como fazer? Fazendo ecoar e deixar repercutir as falas de Francisco.
Processo de escuta e falas
Sérgio: refletiu que mesmo a ciência, não é uniforme na identificação da realidade, deve ter o cuidado para não desvaliar os valores.
Aroldo Brag: como encantar-nos pela política, com esse grande esforço para desencantar o cidadão pela política?
Denilson Mariano: recordando que na Campanha da Fraternidade de 1996, onde o período estava mais tranquilo, do que nessa polinização, a questão é como ajudar a Comunidade a dar passos concretos?
Maria Ros: refletiu sobre a importância da vida em sua integralidade: educação e saúde, com a urgência da holística ao bem comum, e o desafio lançado em 2020, saúde para todos, onde as Políticas Públicas são fundamentais para garantir esses direitos.
Marilza: expressa-se com a lembrança da bênção de Papa Francisco para a alta cúpula da Igreja em consonância a fala de Dom Helder Câmara “Quando dou comida aos pobres me chamam se santo. Quando pergunto porque eles são pobres, me chamam de comunista”.
Iarley: o grande desafio para manter o testemunho cristão, estamos perdendo a capacidade de escutar as pessoas, e perceber até mesmo os que pensam diferente de nós.
Pe. Ernanne: indagou sobre qual o papel das religiões nesse contexto novo da política.
Antônio Félix: citou o exemplo que presenciou, o diálogo entre duas pessoas simples, discutindo sobre a corrupção das instancias que deveriam dar o exemplo, então como encantar a grande massa?
Dom Roberto: trouxe o aspecto religioso, a idolatria ao dinheiro, teologia da liberdade.
Dom Dirceu: pior que a polarização é a fragmentação, lembrando os discursos binários, e ressaltando o caminho que a CNBB vem seguindo que é o fortalecimento das instituições de estado e sociedade civil e apontar certas pautas que não combinam com o Evangelho.
Cidinha Longo: em seu desconhecimento, pergunta se está sendo sugerido que siga a esquerda? A sugestão é essa?
Além disso, destacamos as ricas contribuições que foram colocadas no chat, que vem agregar a diversidade e ampla discursão.
Diante das falas, Pedro refletiu que a ideia é levar a tona os diversos questionamentos, que nossa espiritualidade é terrestre, Madre Tereza atendeu aos pobres, uma espiritualidade do cuidado, devemos encantar-se com a espiritualidade política, o que espanta é a falta de conhecimento, o medo por exemplo do Comunismo que acabou há 30 anos, precisamos que nossas igrejas sejam espaços de diálogo, citando a referência do livro de Josué, que é texto base do mês da Bíblia, sobre saber trabalhar para sair de uma linguagem individualista para, por exemplo uma linguagem de reforma agrária, onde se diga de todos para todos. Chama para a necessidade de se posicionar, estar ao lado dos mais fracos, não é fácil, mas deve estar ao lado do que vai perder para que não perda.
Caminhando Juntos
Cada Organismos apresentou como estão caminhando, na perspectiva do Encantar a Política.
Patrícia Cabral – CNLB: falou sobre os materiais, o hotsite e seu amplo conteúdo, construído em coletividade e unidade.
Sérgio – Caris: destacou a Formação que visa três públicos: Academia, Líderes e Vocacionados, Populares: sobre a conscientização do voto… Destacou a parceria com a Canção Nova que proporcionou encontro com Juízes e Promotores; diálogo sobre os tipos de Servidor Público: Eleito, Convidado e Concursado.
Salete – Ampliada Nacional das CEB´s: enfatizou os quatros pilares que estão alicerçados: Palavra de Deus; Oração e vivencia em Comunidade; Eucaristia; Compromisso Social; destacando que estão inseridos na 6ª Semana Social Brasileira, Grito dos Excluídos, Romaria do(a) Trabalhador(a), nos Conselhos de Direitos.
Pe. Paulo – CEFEP: Destacou as Lives e Encontros virtuais e presenciais com as temáticas que o caderno apontam; o envio de exemplares para as escolas; confecção dos Cards. Explanou que o papel da Igreja não é apontar partido, mas for criticidade e construir a consciência, destacando três pontos do Encantar a Política: primeiro, o caderno vai além do momento, ele aponta uma política maior; segundo, o desafio é dar continuidade, continuar o Projeto pensando nas Eleições em 2024 e o acompanhamento dos que foram eleitos ou não; terceiro, o curso de planejamento eleitoral, juntamente com a PUC.
Sônia: ressoou sobre a política partidária e a importância do apoio e incentivo ao laicato na política, os 60 mil exemplares do caderno e o hotsite, que maravilha perceber e ver o caminho que estamos percorrendo.
Após a fala foi realizada a navegação no Hotsite, apresentando todo o seu encantamento, praticidade, objetivo e conteúdo.
Dom Geovane: destacou alguns pontos: primeiro a importância das parcerias, a prova disse é a diversidade de iniciativas em âmbito nacional, segundo; o texto se insere na linha dos Documentos e a realidade da Igreja e seu posicionamento; terceiro, o projeto ser construído por várias mãos, agradecendo aqueles e aquelas que estão com as mãos mais próximas diretamente. Tendo assim o agradecimento também de Sônia á Dom Geovane e aos Regionais.
Após os avisos a oração foi conduzida por Dom Gabriel, que refletiu sobre colocar as mãos à obra, louvor a Deus é um homem vivente, nossa paixão deve ser a paixão de Jesus por esse mundo, nosso compromisso nos ajude a conhecer a verdade não das coisas, mas das pessoas, finalizando com a oração final da Fratelli Tutti.