A DIVERSIDADE COMO IDENTIDADE DA CULTURA E DA IGREJA

Quando recebi o convite do CNLB para escrever sobre o tema “Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento”, fiquei pensando no que um comunicador de formação poderia contribuir com um tema tão tênue e ao mesmo tempo, tocante, sobretudo no mundo de hoje.

Por: Vinícius Figueira

Diversidade e cultura vem se tornando uma luta perene. Luta pela liberdade de ser, de criar, de fazer, de pensar e de conviver. Diversidade tem sido motivo de alergia de muitos que moldam o mundo a partir da própria forma ideológica, relacional e pessoal.

Nesse 21 de maio, somos impelidos e pensar numa causa tangente e vibrante. Mas, o tema versa sobre uma luta pela diversidade cultural para o diálogo e diálogo é puramente comunicação. Daí tornei a pensar: quais os diálogos que as diversidades culturais são capazes de produzir: diálogos a partir do jeito, diálogos a partir dos costumes, diálogos a partir das crenças e valores.

Acabamos de ter acesso a uma Campanha da Fraternidade com um tema muito propício e polêmico ao redor da diversidade e do diálogo como base da unidade. O acesso a Campanha provou dois movimentos dentro da Igreja: de acolhida e força, e outro de resistência e rejeição.

Grupos que pensam na forma do tradicionalismo e da ideologia, foram os primeiros a expelir resistência uma vez que a Campanha nos levava a entrar nas rodas da diferença, fazer cirandas e dar a mãos a “estranhos”. Por outro lado, temos os que são mais livres e pensam a partir da inclusão, da liberdade de ser, de se comportar.

Mas, a diversidade evidenciou na Igreja, lados, lados diferentes. A impressão é que saímos de uma Campanha da Fraternidade com lema de unidade, divididos pela diversidade.

Hoje, denota-se uma Igreja e aí também podemos dizer uma sociedade, que apresenta resistências no lidar com jeitos. Os jeitos alheios, tem sido a maior fonte de desavenças e rezingas. Nas redes sociais, por exemplo, cancelamos tudo e todos que postam e ou comungam de pensamentos e jeitos diferentes.

Estamos cada vez mais encapsulados nos algoritmos que nos levam sempre a ver mais do mesmo, e a mostrar sempre mais o que acreditamos ser, transformando o nosso jeito de ser e de pensar em verdade absoluta. No fundo, quando o jeito do outro nos incomoda, sinal que o jeito do outro está em mim, de alguma forma.

Mas ainda temos o diálogo a partir dos costumes. Os costumes dão forma a uma identidade humana, grupal, enfim. Os costumes dão fisionomia a crença, a fé, a realidade. Quando não se olha para os costumes, mais variados, com olhar de compreensão, então nasce o preconceito.

O Papa Francisco chegou a dizer que “Deus não se conforma aos preconceitos. Devemos nos esforçar para abrir o coração e a mente, para acolher a realidade divina que vem ao nosso encontro. Trata-se de ter fé: a falta de fé é um obstáculo à Graça de Deus.”

Por fim temos o diálogo a partir das crenças. Meu Deus é mais Deus que o Deus do outro. Estamos vivendo um momento religioso em que estamos transformando as nossas práticas religiosas, os nossos ritos, em mais dignos do que o do outro, do que da cultura do outro. Estamos vivendo um tempo em que precisamos afirmar o tempo inteiro que a minha prática me faz mais santo do que a pratica do outro.

Dialogar é sempre um exercício que vai além de uma palavra que sai da minha boca, mas é algo que me leva a sair do meu eu, para encontrar o eu do outro. Quando não saímos de nós mesmos, ou seja, não estamos inclinados a ouvir o outro, o diálogo não existe. Uma empresa, uma sociedade, uma Igreja, um grupo que não dialoga, se divide. E toda divisão gera o individualismo e quiçá, um individualismo encapsulado.

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