Artigo Em Tempo 18/19 de julho – Nossa Senhora do Carmo

Nesta semana comemoramos Nossa Senhora com o título de Nossa Senhora do Carmo. Carmo lembra em primeiro lugar o Monte Carmelo, onde o profeta Elias defendeu com todas as forças a pureza da fé de Israel no Deus vivo. No século XIII, alguns eremitas foram viver neste monte. Mais tarde constituiu-se uma ordem de vida contemplativa sob o patrocínio da Santa Mãe de Deus, Maria.

Por: Dom Sergio Eduardo Castriani

No oficio das leituras deste dia lemos um trecho de uma homilia feita por São Leão Magno numa festa de Natal, no século V. O texto recorda que Maria concebeu Jesus primeiro na fé que ela teve ao anúncio do anjo. Ela concebeu primeiro em seu espirito, e depois em seu corpo. Assim sendo, ela teve uma participação ativa no mistério da encarnação. E assim Jesus verdadeiro Deus nos traria o remédio para a nossa redenção e verdadeiro homem nos serviria de exemplo.

Os carmelitas contam com a intercessão da virgem do Carmelo para subir ao monte que é Cristo. O Monte Carmelo é a imagem da vida de oração que é um subir na intimidade com o Senhor. Grandes homens e mulheres fizeram deste subir o monte, a regra de suas vidas e entraram para a história do cristianismo. Santa Teresa é uma das grandes almas que fizeram do Carmelo o seu caminho de santidade. Outra é Santa Teresinha do Menino Jesus. Entre os homens fulgura São João da Cruz. Santos profundamente humanos. Na modernidade temos Edite Stein, filósofa judia, morta em um campo de concentração nazista com o nome de Ir. Teresa Benedita da Cruz, canonizada por São João Paulo II, foi por ele declarada co-padroeira da Europa.

Na Amazônia o culto a Nossa Senhora do Carmo se explica em grande parte a ação dos missionários carmelitas na evangelização da região. Assim temos Santa Tereza em Tefé, Santo Ângelo em Novo Airão, Santo Elias no Velho Airão, Nossa Senhora do Carmo em Parintins. Estas devoções com certeza influenciaram a religiosidade popular. Minha mãe era ituana, natural de Itu, onde o culto a Nossa Senhora do Carmo é grande devido a presença de um mosteiro carmelita na cidade, onde morou Frei Carlos Mesters, o grande nome na leitura bíblica popular.

Ela morreu invocando Nossa Senhora do Carmo, como certeza lembrando das promessas feitas a quem usa o escapulário. Na imagem de Nossa Senhora do Carmo ela segura um escapulário e Jesus sentado no seu colo, numa posição real segura outro.

Oque podemos esperar de alguém devoto de Nossa senhora do Carmo, hoje? Um carmelita é um peregrino, inconformado com a mesmice da história.  O Deus vivo de quem Elias é o defensor abomina a mediocridade. No entanto todas as grandes realizações carmelitanas aconteceram a grupos, e por isso o carmelita é um homem de fraternidade.  Tem o coração faminto de Deus. Sua vida espiritual passa necessariamente pelo Monte Carmelo e pela fonte que é o profeta Elias, no seu zelo pelas coisas de Deus. Tudo isto são reflexões, que enriquecem a experiência. Mas a raiz desta devoção mariana para mim se baseia na visão que tive da minha mãe, invocando Nossa Senhora do Carmo ao morrer.

Dom Sergio Eduardo Castriani Bispo Emérito da Arquidiocese de Manaus

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