Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021

A Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, com o tema: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef. 2.14a), vem trazer um importante recado para cada um de nós e para as nossas comunidades: a importância do diálogo. Isso é necessário em um mundo que, às vezes, se mostra muito dividido, agressivo e crítico com as pessoas.

Propor o diálogo é seguir os ensinamentos de Jesus, é construir pontes de fraternidade e cooperação, mesmo com quem pensa diferente de nós. Essa é a quinta campanha a ser trabalhada na dimensão ecumênica, onde cristãos de várias denominações religiosas são chamados a viver e promover a dimensão do diálogo como método de derrubar as barreiras da divisão, fortalecendo a unidade.

Para tanto, além das igrejas membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), participam da organização da Campanha deste ano, a Igreja Betesda, que é pentecostal, e o Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular (CESEEP). É com esse espírito que se constrói essa campanha, na convivência e no diálogo.

Afinal, conforme reforçou Papa Francisco, “como afirmava Pio XII na sua memorável Radiomensagem do Natal de 1944, «exprimir a própria opinião sobre os deveres e os sacrifícios que lhe são impostos e não ser obrigado a obedecer sem ter sido ouvido: eis dois direitos do cidadão, que encontram na democracia – como o próprio nome indica – a sua expressão».

A democracia baseia-se no respeito mútuo, na possibilidade de todos concorrerem para o bem da sociedade e na consideração de que as opiniões diferentes não só não prejudicam o poder e a segurança dos Estados, mas, num confronto honesto, enriquecem-se mutuamente e permitem encontrar soluções mais adequadas para os problemas que se devem enfrentar.

O processo democrático requer que se persiga um caminho de diálogo inclusivo, pacífico, construtivo e respeitoso entre todas as componentes da sociedade civil em cada cidade e nação”. Saiba mais na entrevista com o Padre Patriky Samuel Batista, Secretário Executivo para Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Pastora Romi Márcia Bencke, secretária geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC).

Padre Patrick, qual é o principal objetivo da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021?
Padre Patriky Samuel Batista   

O principal objetivo da Campanha da Fraternidade de 2021, que será a 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica, é convidar as comunidades de fé e as pessoas de boa vontade a pensar, avaliar e identificar caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade.

Padre Patrick, com base na caminhada dos Discípulos de Emaús, e olhando o cenário de polarização, ausência de diálogo, intolerância e violência em que vivemos, qual é a importância da reflexão que a Campanha da Fraternidade Ecumênica vem trazer?

É nos ajudar a recuperar essa capacidade de dialogar e até mesmo de compreender o que seja o diálogo. O diálogo é muito mais que uma conversa, muito mais do que um debate. O diálogo toca o aspecto existencial, ou seja, ele visa a compreensão do outro. Aí entra a narrativa dos discípulos de Emaús, que nos mostra como é o passo a passo para que nós possamos dialogar.

O que precisa fazer para dialogar? O caminho é assim como Jesus fez com os discípulos. Primeiro teve iniciativa, se aproximar, caminhar junto, escutar. A capacidade de escuta é imprescindível, sem escuta não há verdadeiro diálogo. Jesus, então, começa o diálogo a partir de uma conversa. Ele vai aprofundando, falando a sua identidade e utilizando as Escrituras Sagradas, mas compreendendo também o processo daqueles dois discípulos.

E também faz parte do diálogo, esse aspecto bonito que é adentrar a casa do outro, como os discípulos fizeram com Jesus. Fica conosco, Senhor. E em casa, à mesa, acontece um gesto dialogal, revelando a todos nós que o diálogo não se dá simplesmente por palavras, mas também os gestos são diálogo, como quando Jesus parte o pão, eles o reconhecem como o Senhor ressuscitado. Jesus desaparece e aqueles discípulos fazem o caminho de volta para dialogar com a comunidade. 

Pastora Romi, o que acontece para que haja tanta dificuldade em dialogar, mesmo com alguns avanços?
Pastora Romi Márcia Bencke 

As dificuldades para o diálogo são inúmeras, mas talvez a gente possa destacar alguns aspectos que fazem parte da própria história do Brasil. Um deles é o racismo, que se manifesta também na forma do racismo religioso, que é a criminalização das tradições de fé afro-brasileiras e também indígenas. Outro aspecto é a dificuldade da gente se libertar do nosso exclusivismo religioso, pensando sempre que somente dentro da nossa Igreja existe salvação, quando, na verdade, nós não somos detentores da salvação. Quem define e decide sobre a salvação é o próprio Deus e a nossa coerência com o seguimento e o comprometimento com o Evangelho.

Pastora Romi, cite algumas das boas práticas do CONIC, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a favor do diálogo para a convivência fraterna.

Eu destaco como a principal boa prática, que também é a nossa mais antiga, a Semana de Oração pela Unidade Cristã. Também destaco os documentos históricos do CONIC como reconhecimento mútuo do Batismo de nós, como cristãos e cristãs, reconhecermos o Batismo das Igrejas que integram o CONIC. Destaco as missões ecumênicas, que não são atividades só do CONIC, e que foi visitar e acompanhar e dialogar em territórios, em grupos vulnerabilizados, principalmente grupos indígenas.

Leia a entrevista na íntegra: 1534 – Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 (.PDF) 

Fonte: Site Pastora da Criança

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