Na tarde desta sexta-feira 09, os participantes da 41ª Assembleia Geral Ordinária receberam o teólogo e monge beneditino Marcelo Barros, que relembrou o testemunho e profecia de Dom Helder Câmara como um chamado para os cristãos leigos e leigas: Não deixem cair a profecia!
A profecia hoje é mais difícil. Não é que, no tempo de Dom Helder, toda a Igreja fosse profética, ao contrário: mesmo sendo indicado três vezes ao Nobel da Paz, ele foi sendo progressivamente isolado pelo clero conservador. Mas hoje a maioria das paróquias vive um catolicismo devocional barroco, romântico, menos inculturado e profético do que há 10, 20 anos…
Assim, o que diferencia uma Igreja profética de uma Igreja não profética? Capítulos e capítulos do Evangelho mostram Jesus denunciando a religião do Templo, cheia de rituais vazios que oferecem, pagam, dão alguma coisa a Deus – que já sabe de tudo! É como oferecer um copo d’água para uma cachoeira.
A fé profética, ao contrário, procura escutar o que Espírito de Deus diz hoje à Igreja, às pessoas, à sociedade, a mim mesmo… O Papa Francisco denuncia o clericalismo como uma chaga, uma doença, um câncer. Como falar do Evangelho se também formos clericalistas, sem escutar Deus no outro, sem viver o Evangelho. Também fala da santidade do cotidiano: os santos anônimos que cuidam dos irmãos feridos, superam o próprio egoísmo e se abrem aos outros, escutam o que Deus diz por meio dos outros, dos acontecimentos, da realidade diária.
A conversão que Jesus nos pede tem que partir de nós mesmos, e a profecia é o primeiro passo desta conversão. Dom Helder dizia que estava sempre com um jornal aberto de um lado e a Bíblia aberta de outro. Profecia é ouvir a Palavra de Deus a partir da realidade, das tradições dos povos originários, dos pobres e dos pequenos. O caminho é voltar às fontes do Evangelho de Jesus e atualizar sua missão profética nas realidades onde estamos.
Por: Eder Dartagnan