XVI domingo do tempo comum

Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano, e a teus filhos destes a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores. Vivemos num mundo onde tudo é permitido e nada é perdoado. Os meios de comunicação facilmente tiram a honra de alguém quando colocam para o público a vida privada. A questão é não cair no domínio público, com fotos e diálogos comprometedores.

Por: Dom Sergio Eduardo Castriani

É desumano o tratamento que uma pessoa pode ser submetida quando a sua vida cai na mídia. Uma falta leve pode se tornar um crime. Isto não é novidade na história humana. Só é mais devastador. O nosso Deus não trata assim os pecadores. Ele tem paciência com o pecador. Ele não humilha o pecador. O pior deles ainda é humano. E somos humanos quando tratamos os outros com humanidade.

Na primeira parábola do evangelho os empregados que com certeza eram bons e cuidavam bem da propriedade por isso queriam tirar o joio semeado pelo inimigo. O dono não concorda, mas dá um prazo. A intenção era não confundir joio e trigo. Deus é paciente com seu povo e quer sempre dar uma última chance.

As outras duas parábolas, mostram que o reino é difícil de ser visto. Tanto o fermento como a semente não mostram a força que tem. É preciso tempo para fermentar e muito mais tempo ainda para que a semente de mostarda vire uma árvore. As coisas de Deus são demoradas e precisam de paciência até se tornarem visíveis.

A parábola é o gênero literário de Jesus. O evangelho nos diz que nada lhes ensinava sem usar parábolas. Há uma afirmação que é intrigante: Abrirei a boca para falar em parábolas, vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo. Existe um filósofo francês que disse que a história da humanidade está toda calcada na violência e que Jesus veio acabar com a violência. O fermento e a semente não necessitam usar violência para crescer. Assim, é o Reino, pequeno, humilde, mas forte. O Reino tem dinâmica própria e no final os justos brilharão como o sol no reino do Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Ouve Israel, o Senhor é o único Senhor. A nossa religião entra pelos ouvidos.

A segunda leitura, fala da oração de interseção que é própria do Espirito. E ele geme com gemidos inefáveis. Nós aguardamos o Reino, inclusive rezando todo o tempo para pedir que o Reino venha. Vemos no mundo manifestações do Reino entre os pequenos e humildes. Temos vontade que o reinado de Deus se manifeste logo, e as vezes na nossa impaciência atrapalhamos a vinda do Reino e o perdão divino. A primeira parábola nos ensina a ter a paciência divina, não apressando julgamentos e assim não correndo o risco de queimar pessoas que à primeira vista não nos agradam porque pensam e agem diferente e tem convicções diferentes. O livro da Sabedoria nos lembrou que o nosso Deus é um Deus que usa o seu poder para construir, que domina sua própria força julgando com clemencia.

Rezemos com Jesus: Eu te louvo Pai Santo. Deus do céu, Senhor da terra, os mistérios do seu Reino aos pequenos, Pai revelas.

Dom Sergio Eduardo Castriani Bispo Emérito da Arquidiocese de Manaus

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