Mensagem ao I Congresso Continental de Leigos e Leigas

Como discípulos missionários do Senhor, nós, cristãos leigos e leigas convocados pelo Conselho Episcopal Latino-americano/CELAM, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB e pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil/CNLB, representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, nos reunimos com a presença do CELAM e do Dicastério para Leigos, a Família e a Vida no Centro Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista-São Paulo/Brasil, entre os dias 1 a 4 de novembro, para o I Congresso Continental de Leigos, com a temática do protagonismo do leigo e da leiga segundo a experiências vividas nos pré-congressos regionais da América Latina e a carta do Santo Padre Francisco, dirigida ao Cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

O Congresso foi realizado em clima de fraternidade e comunhão. Vimos e constatamos que o continente latino americano ainda vive profundas injustiças em muitos níveis: a desigualdade, um processo político dirigido pelas elites, uma corrupção sistêmica, o aumento dos níveis de pobreza, a agressão ao ambiente, comandado por sistemas capitalistas, neoliberais ou antidemocráticos, que tem gerado o desemprego e a ameaça à vida humana. A opressão das populações, em especial aos pequenos, vulneráveis e pobres e a violação da democracia. Frente a tudo isto, vê-se a necessidade da presença dos cristãos leigos e leigas no mundo social e eclesial.

Julgamos que a realidade do continente, marcado por muitas injustiças é uma contradição à visão cristã. Os pobres, a opção primeira de Jesus Cristo, são tratados hoje como objetos em um sistema que mata (Evangelli Gaudium, n. 53) e no qual os direitos humanos são violados sistematicamente. Estamos imersos numa cultura de corrupção, naqual o valor máximo é vencer o outro, enriquecer-se ilimitadamente, às custas de opressão.Por tudo isso, refletimos sobre o nosso agir, tanto na Igreja como na sociedade, e percebemos a necessidade de nos organizarmos como laicato, em cada um dos nossos países e também em nível continental, constituindo “Leigos latino-americanos em caminho de comunhão” com o objetivo de cultivar o espírito de diálogo, comunhão e missão. Como Igreja em saída (Evangelli Gaudium, n. 20-23), os cristãos leigos e leigas devem se preocupar e se comprometer com a atual realidade eclesial, social, política e econômica, à luz do Evangelho, auxiliados pelos instrumentos de análise sóciocientífico.

Da mesma forma, precisam se organizar para um agir consciente no social e no político, em conjunto com aqueles e aquelas que também buscam a transformação da realidade, rumo a uma sociedade que tem a defesa vida como prioridade em sua totalidade. É importante buscar isso em comunhão com toda a Igreja, superando toda forma de secularismo e clericalismo, como insiste o Papa Francisco, na busca de uma sociedade fraterna e solidária.

Assim, fortalecidos pela experiência do Ressuscitado e animados pela vivência comunitária, queremos ser, com os demais homens e mulheres de boa vontade, os construtores de um novo continente, desde os pobres e os pequenos, como disseram os bispos em Medellín, cuja assembleia é relembrada no seu 50o aniversário e com a vivência eclesial no sempre atual Concílio Vaticano II. Como cristãos leigos e leigas, sujeitos eclesiais, nós assumimos o compromisso de uma Igreja “em saída”, do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, em permanente conversão pastoral. Assumimos com coragem a defesa do meio ambiente em todas as suas formas, na perspectiva de uma ecologia integral, na busca da justiça e da paz para os nossos povos segundo nos ensina o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja, sendo “Sal da Terra e Luz do Mundo”.

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