Santa Ana, São Joaquim, Francisco e outras histórias

Na celebração da festa de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Maria, avós de Jesus comemora-se em muitos países o dia dos avós, no dia 26 de julho. Sobre estes há várias versões e perfis que foram mudando com os tempos.

Por: Márcia Signorelli – Comissão de Assessoria Permanente

Hoje, a maneira como lidamos com o envelhecimento não se compara mais a uma avó como a D. Benta, do Sitio do Pica-pau amarelo ou da capa do famoso livro de receitas.

A dita “melhor idade”, com novo perfil é a da jovialidade, do cuidado corpo e das emoções. Assim, aos de mais idade, nem sempre lhes é dado o devido valor porque a tendência é a velhice deixar de ser boa ou natural. Quanto a isso, prefiro o que fala o papa Francisco: “…é verdade que a sociedade tende a nos descartar, mas certamente não o Senhor que não nos descarta nunca. Ele nos chama a segui-Lo em cada idade da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. (,,,) Não é ainda o momento de “tirar os remos do barco”.

E assim,” sem tirar os remos do barco”, por necessidade de trabalho dos pais é muitos avós cuidam de seus netos netas. Adquirem assim, um novo papel na sociedade, na família e podem demonstrar que de fato são pais e mães duas vezes, porque têm amor dobrado, porque amam os filhos e os filhos de seus filhos e isso é importante  para os netos e netas sentir o aconchego gostoso de serem tão amados, acarinhados, aconselhados sabiamente pela experiência já vivida e é isso que pretendo resgatar aqui.

E vou buscar iluminação outra vez no Papa Francisco quando diz: ”Aos avós  que receberam a bênção de ver os filhos dos filhos (cf. Sal 128/127, 6), está confiada uma grande tarefa: transmitir a experiência da vida, a história duma família, duma comunidade, dum povo; partilhar, com simplicidade, uma sabedoria e a própria fé, que é a herança mais preciosa! Felizes aquelas famílias que têm os avós perto!” “É um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos! Uma grande injeção de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que está muito ocupada, muito presa, muito distraída”.

Por isso, é tão importante que as crianças conversem e respeitem seus avós  igualmente importante que os avós ensinem as crianças a rezar também, rezar com elas, transmitir-lhe a fé e o sentido de viver com esperança e com alegria, confiar no Senhor.

Sant’Ana e São Joaquim, avós de Jesus têm um significado muito grande para nós, Carlos e eu, enquanto avós. Temos 3 netinhas, Gabriela, Giovana e Ana Clara, Giovana, quando nasceu ficou internada na UTI por 69 dias dolorosos, inseguros e infindáveis pela expectativa. Com o coração doído, resolvemos um dia sair para oxigenar o cérebro e o coração e comprar um guarda-chuva no centro da cidade. Mas, o curioso é que sem percebermos, pegamos outro caminho e fomos parar nos camelôs. Ali, um senhor, nos chamou e disse : “Olha aí, o homem dos leigos”, se referindo ao Carlos.  Era um cristão leigo, atuante na paróquia e nos convidou a conhecer a cooperativa de lojas em que trabalhava. A principio demos uma desculpa, mas o seguimos para não decepcioná-lo, tamanha era a sua insistência. Não comentamos nada sobre nossa tristeza.  Lá chegando, ele nos mostrou a loja e em seguida  pegou uma Bíblia, daquelas que de tão lida, estava até cheia de “orelhas” e nos disse que todos que iam até ali não saiam sem uma mensagem de Deus. Abriu a esmo e leu: “Javé me abandonou, o Senhor me esqueceu! Mas pode a mãe se esquecer de seu nenê, pode ela deixar de ter amor pelo filho de suas entranhas? Ainda que ela se esqueça, eu não me esquecerei de você. Veja! Eu te tatuei na palma de minha mão; suas muralhas estão sempre diante de mim. Aqueles que vão reconstruir você apertam o passo; os que a derrubaram já foram embora”.  Ficamos sem palavra! Isaias 49, 14-“

E ao final, ele nos deu um santinho de Sant”Ana e São Joaquim, e disse que logo seria o dia dos avós e que eles olhassem por nós. Isso, sem termos contado nada a ele sobre nossa angústia, sem ele saber de nada o que se passava com Giovana. Saímos dali, quietos, impactados nos perguntando o que acontecera ali? Por que viermos até aqui? Por que encontramos aquele senhor? Porque ele nos quis ler a Palavra de Deus?

A verdade é que nós tínhamos as perguntas mas Deus tinha as respostas. Nós tínhamos a dor e Deus tinha o consolo. Nós não sabíamos de nada e Deus sabia de tudo. E Ele, com a intercessão de Sant’Ana e São Joaquim, avós de Jesus, nos enviou um anjo na forma daquele senhor para nos dar seu recado: Tudo é bênção, não desanimem, não me esqueço de vocês, porque vocês estão marcados na palma da minha mão. E todas as “muralhas”, as dores, o sofrimento de Giovana serão reconstruídos. E foram reconstruídos no dia dos anjos Rafael, Gabriel e Miguel; eles próprios vieram buscá-la para brincar com ela no céu. Em lembrança dessa grande graça de Giovana nas nossas vidas, eu tenho na sala um anjo carregando outro anjo. Como é que amor de avós não é dobrado?

E assim, com as histórias das experiências de Deus em nossas vidas é que motivamos nossas netas a orarem, a entenderem que Deus é Pai, nos ampara; e também a serem pessoas do bem e a construírem um mundo do jeitinho que Deus sonhou para nós, um novo céu e uma nova terra.  Ser avô, ser avó, é bênção dobrada.

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