Este é um tema caro à igreja católica apostólica romana. Ela exige de seus ministros um comportamento que só quem tem vocação pode ter. Estes ministros por suas opções vão se afastando da média e ao longo de muitos anos de formação devem ser outros Cristos, conduzindo o povo de Deus nos caminhos da história
Por: Dom Sergio Eduardo Castriani
Como diz o papa num dos ditos que sintetizam o seu pensamento a respeito do pastoreio na Igreja. Como pastores vocês vão ficar as vezes na frente das ovelhas para indicar caminhos, outras vezes no meio das ovelhas, para conhece-las, outras vezes ainda, ele vai atrás para acompanhar a que está ferida ou cansada. O importante é que o pastor tenha o cheiro do rebanho.
O papa Francisco sempre com o modo evangélico que ele conduz a Igreja tem sublinhado o mal que padres podem fazer ao rebanho. No caso da pedofilia ele exige dos bispos tolerância zero. Onde achar os padres santos que a Igreja e o mundo precisam. Eles não existem e então é preciso formá-los. Primeiro procurá-los através de uma pastoral vocacional que insistirá na vocação batismal, e na vocação sacerdotal como uma das vocações que estão no povo de Deus.
Todos somos vocacionados. O primeiro chamado é a vida, depois a nossa vida vai se afunilando e temos que fazer opções, É importante termos adultos que são referenciais para os jovens. Padres que levam uma vida alegre, que rezem com satisfação, que tem liderança, são os melhores agentes de pastoral vocacional que temos. Quando me perguntam se em Manaus temos muitas vocações eu sempre respondo que temos os que Deus chamou e que ouviram a sua voz.
Se pensarmos que em cada comunidade deveria ter ao menos uma vocação, precisaríamos de noventa e cinco camas, o que ultrapassa a nossa capacidade de receber no Seminário. Mas seria um grupo ainda pequeno, se pensarmos nas necessidades que temos. É normal que a maioria dos seminaristas desista no meio do caminho. Em geral são rapazes sérios que chegam a conclusão de que não tem vocação. Mas o que é vocação?
Em primeiro lugar nós acreditamos num Deus pessoal que se comunica com cada ser humano que o procura. Este Deus, a Santíssima Trindade tem um plano de vida para os homens e as mulheres, que o procuram na oração e no silêncio para descobrir a vontade de Deus a seu respeito. Escutar a voz de Deus não é privilégio de alguns. Não deveria ser. Nem todo jovem tem esta chance na vida de fazer um discernimento espiritual sério. Pensemos na legião de jovens prisioneira do narcotráfico, nos jovens que deixam de ser jovens quando ganham a paternidade e a maternidade sem querer.
Na exortação apostólica pós-sinodal, Christus Vivit, que o papa Francico escreveu depois do Sínodo da Juventude, o papa apresenta em dois capitulos, um com o titulo Vocação e o outro discernimento , em que mostra a importância para os jovens da questão vocacional. Oxalá as diversas expressões juvenis levem em conta o aspecto vocacional que toda ação com jovens deve ter. Propor aos jovens o caminho da doação da própria vida para o bem de todos é um dever dos que se sentem responsaveis pelo futuro da Igreja e da sociedade.
Dom Sergio Eduardo Castriani, bispo emériro da Arquidiocese de Manaus
