Conquistar espaços e agir no mundo, eis o desafio e a missão dos leigos

Os leigos e as leigas devem conquistar os espaços e não aguardar pela concessão destes. O recado é do Padre Alfredinho, assessor perito, e traduz o desafio da ação leiga após a 39ª Assembleia Geral Ordinária do Conselho Nacional do Laicato (CNLB), encerrada hoje (5).

Por: Ivânia Vieira

Durante três dias (de 3 a 5 de junho), mais de 200 delegados leigos e leigas de todas as regiões do País participaram da Assembleia que debateu o tema “Cristãos leigos e leigas em missão: respondendo aos novos desafios”. E foram profundos os desafios apresentados, discutidos e refletidos nesses dias.

Ser sujeito na sociedade remete à tarefa dos cristãos leigos na atualidade. É sobre o agir eclesial-social que falam os participantes da coletiva de encerramento da 39ª Assembleia, realizada no final da manhã deste sábado, sob mediação de Patrícia Cabral (CNB/CNLB). Ao tratar da divisão que se instalou no Brasil e no mundo, Pe. Alfredinho citou os muros erguidos nos diferentes ambientes pela polarização que “impedem o diálogo e a objetividade e nos leva a ver de forma míope e vesga”.

Para o sacerdote, no mundo de relações polarizadas, é crucial o papel dos cristãos  leigos e leigas na desconstrução dos polarismos a fim de que outras formas de posicionamento possam ser percebidas. O padre reconheceu que em muitos lugares, o clero cria dificuldades à atuação dos leigos e observou: “a tônica aqui é ocupar espaço, não esperar que ele seja concedido e sim conquista-lo”.

Investir em formação contínua

Os leigos e as leigas não podem ser vistos como sujeitos para participarem dos cursinhos disse Marilza Schuina, da Comissão Nacional de Formação, para quem é “urgente e necessário” desenvolver um programa de formação continuada que tenha no laicato o seu alvo.

Marilza Shuina destacou que o lugar dos cristãos leigos e leigas é atuar no mundo, “no mundo da política, da economia, da educação, da Casa Comum. Que não briguemos para ficar dentro da Igreja e sim para sermos Igreja atuando no mundo”.

As avaliações iniciais dos resultados da 39ª Assembleia do laicato brasileiro apontam para um resultado que tende a se fazer histórico. Na modalidade remota, alcançou participantes de muitos lugares e, dessa forma, propiciou ouvir vozes de cristãos leigos e leigas que estavam distantes. “Aprendemos com a situação adversa que vivemos provocada pela pandemia”, disse Aurenir Paiva, da Presidência do CNLB, ao recordar que essa assembleia deveria ter sido realizada no ano de 2020, em São Luís (MA). Não foi possível com o avanço da Covid-19 e o agravamento da pandemia no País.

Este ano, todo o caminhar preparatório possibilitou realizar, em meio remoto, a assembleia e fazer dela um espaço de ampla participação, de debate sobre a missão de leigos e leigas na contemporaneidade e na redação de um documento final cujas palavras façam “arder nossos corações de norte a sul do País,” propõe Aurenir Paiva.

O valor da informação e de uma postura que assegure a maioria acessar essa informação é um dos pontos destacados por Fátima Ferre, presidente do CNLB no Regional Sul 1. “Temos que fazer com que o povo tenha acesso à informação correta, por exemplo, em relação a vacina e a vacinação, ao auxilio emergencial e sobre o que é o Pacto pela Vida e pelo Brasil”, acentuou Fátima.

“Há uma avalanche de necessitados no Brasil a partir da pandemia e essa realidade indica que falta a nós, cristãos leigos e leigas, maior participação nas políticas públicas, nos conselhos”, defende Fátima Ferre. E, nessa perspectiva, afirma que “cristãos leigos e leigas são Igreja e são cidadãos e cidadãs que devem se sentir comprometidos no fazer valer nosso protagonismo na defesa do Sistema Único da Saúde, da vacina, e no combate à fome. ”

plugins premium WordPress