Cristãos leigos e leigas, diante dos desafios, como vamos organizar a semeadura?

O assessor da sessão do dia 04/06/2021 da 39ª. Assembleia Nacional do Laicato no Brasil, padre Alfredo J. Gonçalves, Missionário Scalabriano a serviço dos migrantes, tratou sobre o tema da Assembleia:“Cristãos leigos e leigas em missão: respondendo aos novos desafios”.

Por: Celia Soares de Sousa

O padre, que atende famílias necessitadas em uma paróquia de São Paulo disse que convive diariamente com a pobreza e a vulnerabilidade, que tem distribuído 10 mil cestas básicas por mês, refletiu sobre diversos aspectos da situação de desmonte que o Brasil atingiu, já bem antes da pandemia, e agora escancarada com a pobreza e a violência, e com a total ausência de políticas públicas e planejamento, sobretudo do governo federal.

Ele pontou que os participantes deste evento, quase 200 delegados e convidados dos Conselhos diocesanos, arquidiocesanos, prelazias e das organizações filiadas de todo o Brasil são representantes de tantos outros cristãos leigos e leigas. E, que os desafios do desemprego, da fome, da violência, da apatia, do torpor, do negacionismo, da polarização, da necropolítica, do quadro pandemônico que o Brasil chegou, caiu nas mãos dos que ainda tem emprego, tem casa, se alimentam, ou seja, o Brasil está nas mãos dos cristãos leigos e leigas, nas mãos do Povo de Deus, de uma Igreja que é fundamentalmente leiga.

O assessor, padre Alfredo disse que “Estamos vivendo uma sonolência, com um retorno à sacristia. Não que os cristãos leigos e leigos não possam ir nas sacristias, mas lá não é o lugar deles”, conforme menciona a teologia do laicato desde o Concílio Vaticano II.

Para ele, “o Brasil não pode nos deixar na zona de conforto”, e que “o maior dos desafios, é como recuperar esse recuo diante de tantas perdas de  direitos, do respeito e da dignidade humana, diante do desmonte generalizado? ”, e ainda “Como vamos organizar a semeadura. Como vamos fazer?  O que os cristãos leigos e leigas podem fazer para recuperar os passos que estamos recuando? ”, indagou.

Hoje um dos desafios é descobrir “Como fazer o povo, cansado, abatido, desempregado, com fome e sem esperança, poderá levantar a cabeça? Como o CNLB pode lançar a rede pelo Brasil e ajudar esse povo caído buscar a sua própria dignidade”.Padre Alfredo sugere que “é necessário conhecer e recorrer à Doutrina Social da Igreja, que tem como coluna vertebral a dignidade humana”, mas ela só terá sentido se os cristãos leigas e leigas estiverem dispostos a refazer o mesmo caminho de Jesus, que seguiu Seu Caminho pela Galiléia e Samaria, e foi ao encontro das multidões cansadas e abatidas.

Padre Alfredo destacou que “a Igreja tem um papel fundamental no gesto de recomeçar e de reconstruir a dignidade humana. No entanto, hoje mais do que nunca a Igreja precisa de ouvidos. Fazer belas pregações e não escutar o clamor do povo, não corresponde à ação de Deus, que “desceu e ouviu o clamor do povo no Egito” (cfe. Ex 3, 7ss). Naquele tempo enviou homens e mulheres para organizar e conduzir Seu Povo. Hoje, são os cristãos leigos e leigas comprometidos com seu batismo, enviados pelo Cristo Ressuscitado a sair com fé e coragem.

Padre Alfredo disse aos participantes da Assembleia: “Serão vocês que irão cicatrizar as feridas abertas por falta de tantos direitos expurgados da população que hoje sofre caída à beira do Caminho”.

Nesta sessão da 39ª. Assembleia do CNLB, o Regional Sul 1 e o Regional Leste 2 conduziram o momento orante, inicial e final, respectivamente.

A presidente Sonia Gomes de Oliveira, agradeceu a presença de toda/os delegada/os, convidada/os e representantes das organizações filiadas, todas/os devidamente apresentada/os no início do encontro.

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