Devoção popular Mariana

O que comporta o termo latino devotio? Apesar das várias transformações semânticas, o termo devoção para o cristianismo, se aproxima mais da devoção como entrega de si mesmo pela salvação. Pode ser entendido também como o ato concreto e, mais frequentemente, os múltiplos atos nos quais se expressa a atitude interior.

Por: Celia Soares de Sousa

Chamamos de devoção ou piedade popular mariana, ou culto mariano quando se tem por objeto Maria. Significa, primeiramente, concretizar uma atitude de reconhecimento a Deus em relação a Ela, Maria, que participou do mistério da encarnação de Jesus.

O Concílio Vaticano II, foi o Concílio que mais se ocupou de Maria, e sobre a teologia católica em relação a Maria na vida mariana dos fiéis. Basta ler o Capítulo VIII da constituição Lumen Gentium para perceber que a Igreja situa Maria, como Mãe da Igreja.

Maria não é Mãe de Jesus por mérito, mas por graça de Deus. Por sua fidelidade a Deus e ao Seu projeto, ela é exemplo para toda a Igreja. São Paulo VI, declarou Maria, como Mãe da Igreja. Seu lugar é com a comunidade dos que creem. Ela não está na frente, nem atrás. No seguimento a Jesus ela é a perfeita discípula de Jesus, e por isso é modelo para todos os cristãos.

O quase incontável número de devoções com que os cristãos fiéis expressam sua atitude interior de devoção ou piedade aponta para uma experiência traduzida em gestos e atos. Alguns perigos e exageros relacionados à devoção podem ser a procura desenfreada do maravilhoso; risco de queda na superstição; contaminar o cristianismo com vantagens econômicas, em contraste com a pobreza dos fiéis, utilização política dos sentimentos de reverência, entre outros.

Importante destacar que a devoção e a piedade popular mariana tem seu centro no reconhecimento de Deus e a experiência pessoal de Jesus Cristo salvador, atitude da qual Maria é modelo inseparável. (Mariallis Cultus, 25-28). No entanto como cristãos, precisamos fazer o nosso encontro pessoal com Cristo e, no nosso cotidiano, repetir o que Maria fez: escutar, guardar no coração e colocar em prática a Palavra de Deus.

A devoção e a piedade mariana podem ser fecundas para a experiência de fé dos cristãos, sobretudo quando afetam e mudam as nossas práticas, por vezes mesquinhas, para atitudes mais solidárias e justas. Maria, mulher, leiga, esposa de José, discípula missionária de Jesus, Mãe de Deus e nossa Mãe, ainda hoje caminha conosco, com nossas famílias e continua peregrinando nas nossas comunidades eclesiais missionárias, com a mesma pressa (cf. Lc 1, 39) para servir e anunciar a Boa notícia de Jesus.

Maria não está acima de Deus. Ela, que caminha com a Igreja, nos ensina, com o seu peregrinar, a seguir Seu Filho Jesus e “fazer tudo o que Ele disser” (cf. Jo 2, 5).

Celia Soares de Sousa, cristã leiga, casada, mãe, mestra em Teologia- PUC-SP, especialista em Mariologia. e-mail: celiasoaresjpv@gmail.com

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