DIA NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Em 22 de dezembro de 2014, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.054/14 instituindo o dia 06 de Agosto como Dia Nacional dos Profissionais da Educação.

Por: Cláudio Maurício Zorzan

Os profissionais da educação são todos aqueles professores ou educadores que ministram na educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação superior assim como todos os funcionários técnicos administrativos da escola ou universidade.

Essa lei vem reconhecer o valor de toda comunidade escolar. Muitos dos funcionários técnico administrativos e até mesmo educadores eram excluídos ou deixados de lado, muitas vezes passando até por preconceito, quando na verdade junto com os professores eles também educam e formam crianças, adolescentes, jovens e adultos por todo o Brasil.

Atualmente a Educação passa por diversas dificuldades. Com isso fica bem difícil comemorarmos o próximo dia 06 de agosto. Apresento a seguir algumas dificuldades básicas:  

  • Muitas escolas públicas pelo país que não possuem as ferramentas necessárias para o professor lecionar. Não podem imprimir nada na escola, falta data show, materiais esportivos e em muitos lugares do Brasil falta até giz, lousa, água, luz, merenda e um prédio decente para ter aula;
  • Baixíssimos salários de professores da rede pública;
  • Muitos alunos passam por violência doméstica em suas casas e isso reflete em suas atitudes, muitas vezes agressivas na escola. Mas há muitos casos de alunos portando armas em suas mochilas. Muitos alunos com problemas sérios de falta de estrutura familiar. Vemos vários casos onde os alunos tem pais que estão envolvidos com o tráfico ou mesmo presos. Pais que estão desempregados e vivem de doações ou de sub empregos;
  • Violência provinda de alguns professores estressados pela longa carga de trabalho e que acabam tendo sérios problemas psicológicos;
  • Os baixos salários levam professores a terem uma carga horária de aulas excessivas, não tendo tempo hábil e nem condições de prepararem um conteúdo coerente ou atualizado para seus alunos;
  • Universidades apresentando cursos “sucateados”, presenciais ou a distância (EaD) com o único intuito de ter lucro;
  • Professores lecionando disciplinas que não tiveram formação acadêmica por sobrevivência financeira. E isso não ocorre apenas na escola mas em muitas faculdades e universidades do Brasil;
  • Comércio de drogas dentro das escolas e universidades;
  • Problemas com o currículo escolar nessa fase de pandemia onde várias escolas particulares tem massacrado os alunos com conteúdos a distância e mais preocupados com reposição dos dias que a escola ficou fechada do que rever o currículo neste e talvez até nos próximos anos, como pude constatar com uma professora de ensino infantil de uma escola particular de Campinas;
  • Alunos de escolas públicas que não possuem acesso à internet para poderem acompanhar as aulas virtuais propostas pelo Ministério da Educação;
  • Falta de um Ministério da Educação efetivo e coerente com a realidade atual do nosso país,
  • Entre inúmeros outros problemas que a educação sofre no Brasil.

Eu vejo que ser um educador no Brasil atualmente é como ser um “super herói”.  Professores, educadores e funcionários técnico administrativos que apesar de enfrentarem todos os problemas apresentados anteriormente ainda acreditam na educação. E com isso acabam muitas vezes tento atitudes heroicas para sobreviverem no meio de tudo isso.

Quando a lei apresenta que os funcionários técnicos administrativos devem ser considerados profissionais da educação eu creio ser muito coerente pois no dia a dia das escolas e universidades eles estão lidando com os alunos na mesma intensidade que os professores.

Eu tive a experiência de trabalhar em alguns setores de uma universidade de Campinas durante 13 anos e durante os últimos 10 anos também com professor universitário. Enquanto era apenas funcionário administrativo no setor de Bolsas e Descontos, Comunitária, Extensão Universitária, Tutoria Acadêmica e Pastoral Universitária, muitas vezes senti formando e até educando alunos que eu atendia, mesmo ainda não lecionando como professor. Alunos que vinham para desabafar problemas acadêmicos, mas também de cunho profissional e muitas vezes pessoal.

Pude verificar que a frase de Paulo Freire “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo” é verídica pois eu trabalhei em um setor por um tempo muito envolvido com projetos sociais e comunitários e percebia alunos entrando “vazios” e após um tempo se modificando e começarem a olhar para o outro e se envolverem em projetos sociais com o intuito de transformar vidas. E isso para mim é o grande começo de transformação do mundo pois o que cada um que faz mesmo que pequeno está modificando vidas, e com isso trazendo um mundo melhor para quem recebeu a atividade do projeto que as vezes pode ser algo palpável mas muitas vezes não, porém que trouxe mudança para aquelas vidas.

Vi muito disso quando fui entrevistador do “PROUNI – Programa Universidade do para todos”,  e quando fui professor e tive vários desses alunos bolsistas provindos de periferias da cidade e de muita pobreza. E quantos deles hoje são profissionais que estão preocupados com o humano e fazem trabalhos voluntários em suas áreas pois aprenderam em nossas conversas nas entrevistas, no processo da bolsa durante o passar dos anos ou mesmo como meus alunos em sala de aula o quão é importante retribuir a sociedade a oportunidade que tiveram de serem bolsistas.

Enfim, chego à conclusão que ouvir e vivenciar essas mudanças de atitude e ver esses alunos irem para o mundo com gana de mudar e transformar vidas eu termino dizendo que ser um profissional da educação apesar de tantos problemas e dificuldades é para mim recompensador quando vejo que pude mudar e transformar vidas. E mais ainda em diariamente ler ou receber notícias de vários professores fazendo o mesmo por este Brasil.

Cláudio Maurício Zorzan

Secretário do CNLB – Arquidiocese de Campinas, Coordenador da Comissão de Formação do CNLB – Regional Sul I

Professor universitário, palestrante e promotor de eventos em livraria.

Bacharel em Filosofia (PUC Campinas) e Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas (USF/FAE).

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