Dom Paulo: “Falar da Padroeira do Brasil é olhar e falar do papel da mulher nas comunidades cristãs”

No dia 12 de outubro é celebrada a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Encontrada por pescadores no Rio Paraíba do Sul, em 1717, segundo as crenças, a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida logo se tornou uma das principais representações bíblicas do ícone de Maria no Brasil. Mas não só as diversas lendas de milagres ocorridos na presença da Santa tornam ela com tamanha importância, mas também toda a sua relação com a defesa dos pobres, oprimidos e sua representação negra.

Foi por pescadores, na época da escravidão, que o corpo e a cabeça da Santa padroeira foram encontrados, proporcionando uma grande fartura de peixes à uma cidade pobre que desejava realizar uma festa durante a passagem de um conde. E, com esse milagre, a imagem da Nossa Senhora foi aos poucos se tornando objeto de especial veneração do povo brasileiro. Os devotos logo a cobriram com um manto da cor do céu brasileiro e a cingiram com uma coroa, reconhecendo-a como rainha – a servidora do povo junto de Deus.

Segundo o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto, o Brasil é um país de muitos privilégios e com uma marca profunda de fé, que se expressa de muitas formas: como religiosidade popular nas devoções marianas; outros com formato mais tradicional; expressões com uma fé muito individualista; outros com aspectos mais litúrgicos; há os que são mais comprometidos com a vida das pessoas, dos mais vulneráveis e pobres. Tudo, de acordo com ele, constitui uma grande riqueza cristã.

Dom Paulo considera a santa como mãe do ‘nosso povo’. “Ela intercede de seu Filho em favor dos brasileiros pedindo o bom vinho do amor, da esperança e da alegria, principalmente para as crianças”, aponta. A data de celebração, conforme o arcebispo, inspira-nos a pensar no sentido da vida como dom de Deus, olhando para as questões do país que refletem o desprezo pelas pessoas que não conseguem vida digna.

Ainda de acordo com ele o dia 12 de outubro é um convite para que, principalmente os leigos, sejam convocados pelo sacramento do batismo a um comprometimento verdadeiro com a fé cristã e com a vida de comunidade. “Temos hoje, nas comunidades eclesiais de base, a força das mulheres na ação evangelizadora, seguindo a postura coerente de Maria, a Mãe de Jesus no compromisso com Jesus Cristo. Elas geram o projeto de Jesus para resistir aos ataques do mal de hoje”, diz.

Para ele, falar da Padroeira do Brasil é olhar e falar do papel da mulher nas comunidades cristãs. “Elas são sinais concretos de Igreja no meio do povo, fazendo acontecer o exercício da Palavra de Deus, que projeta o bem sem distinção de pessoa. O Brasil é um país mariano e com marca feminina cristã muito visível. É pena que isto não esteja acontecendo ainda de forma desejável no âmbito e meios políticos da nação”, completa.

Dom Paulo explicou ainda que nas Bodas de Caná, com a presença de Jesus e dos apóstolos, Maria intercedeu a favor dos noivos no momento da falta de vinho. “É aquela que provoca a transformação da água em vinho, capaz de atrair as pessoas para o encontro pessoal com Jesus Cristo. Imitando Maria na sua conduta de vida, cada brasileiro, principalmente cristão comprometido com a vida humana e com a dignidade, deve “fazer o que ele vos disser”, finalizou o bispo.

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