Família: “sal da terra e luz do mundo”

Ao pensar no significado do que é a família, vemos sua importância para cada um de nós, individualmente e também para a sociedade como um todo. É no seio familiar que experimentamos os primeiros sentimentos, as mais diversas emoções.

Por: Milene Negreiros

Vamos tomando contato com a realidade, crescendo física, intelectual e emocionalmente e tendo noção dos perigos e das alegrias da vida. Enfim, vamos aprendendo a lidar com o outro, a amar e ser amado, vamos de fato nos descobrindo enquanto seres humanos, assumindo nossas responsabilidades e desfrutando dos aprendizados.

De forma muito especial a Igreja Católica valoriza a família e tem por ela grande apreço. Nos diz o catecismo da Igreja, 2204: “A família cristã constitui uma revelação e uma realização específica da comunhão eclesial; por esse motivo […], há-de ser designada como uma igreja doméstica» (4). Ela é uma comunidade de fé, de esperança e de caridade: reveste-se duma importância singular na Igreja, como transparece do Novo Testamento”

É nessa Igreja doméstica que somos convidados a ir fazendo a experiência de nossa vocação. Seja a vocação laical – e se formos para pensar, de fato a família é o grande espaço onde fazemos o discernimento das mais variadas vocações.

Vamos convivendo em família e percebendo aqueles que foram chamados a serem mães e pais, exercendo sua vocação no lar. Outros se descobrem como vocacionados ou vocacionadas, são chamados a sair desse lar e ir anunciar o evangelho em outro local, muitas vezes até distante de sua família original, mas na certeza de que também irá cumprir sua missão, onde quer que esteja.

Nesse mês de agosto, dedicado às vocações, é importante perceber esse trajeto que a família nos oferece: primeiro é dela que nasce a vida, depois é por ela, que na maioria das vezes ainda bem crianças, somos chamados a adentrar na comunidade, através do batismo, onde nos tornamos membros do corpo místico de Cristo. Depois, no decorrer da nossa jornada, é nela que vamos aprendendo de que forma  vamos exercer o grande mandamento de anunciar o Evangelho, que de fato é nossa grande missão.

“É necessário lembrar que o que nos distingue não nos separa, pois “há um só corpo”, (1Cor 12,12) – e nas diferentes formas de anunciar esse Evangelho, seja enquanto leigo, seja em uma vida religiosa ou ordenada, o que nos diferencia está muito mais relacionado com a forma como vamos servir a Cristo, e de que maneira vamos estar presentes no mundo, na nossa atuação no corpo eclesial, pois de fato todos estamos a serviço da construção do Reino. E pelo batismo somos todos de mesma forma dignos, não há vocação maior ou menor, mas diferentes formas de serviço.

Quando conseguimos de fato ouvir o chamado que Deus tem para cada um de nós, somos capazes de discernir não só na escolha de uma vida vocacional, mas descobrimos realmente que também a escolha de uma  determinada profissão, de constituir uma família, de se inserir na realidade social, são formas de nos colocar a serviço de Deus, de sermos “sal e luz” para a igreja e para a sociedade.

O chamado para nos tornarmos esse “sal e luz” não é só para iluminar e dar sabor nos lugares onde estivermos, mas também pela capacidade que temos de transformar os ambientes onde eles faltem. Sal e luz são capazes de não se fecharem em si, de não terminarem neles próprios, mas de não viverem para si mesmos.

E de fato, podemos transformar os locais onde estamos: nossas casas, nossas comunidades, me percebendo como um agente da mudança, alguém com papel fundamental , que acredita que a sociedade pode ser mudada, pode ser transformada.

O Papa Francisco tem falado muito sobre o querigma da evangelização, do anúncio da experiência de Deus, desse convite para se fazer de fato a profunda experiência de Deus em nossas vidas. É a partir desse encontro que tudo muda na nossa existência: nosso olhar, nossa maneira de viver, nossa mentalidade, pois de fato Deus passa a ser o grande sentido da nossa vida, deixa tudo muito claro, de quem somos e o que podemos passar fazendo nessa trajetória terrena.

Se nossas famílias puderem de fato se tornarem esse local para o início dessa experiência transformadora de Deus em nossas vidas,  muitos outros frutos serão percebidos, pois numa família onde se descobre o amor mútuo, o respeito, o cuidado entre as pessoas é o amor de Deus que resplandece. Uma família que consiga fazer essa experiência faz concretamente uma grande evangelização, anuncia de fato o amor infinito de Deus que se derrama sobre nós.

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