Vida é dom de Deus e a todos os homens e mulheres cabe o compromisso com dedicação de promover o ser humano em toda a sua trajetória existencial.
Por: Raquel Mendes Gaudêncio
Outubro é um mês mariano. O nosso país se prepara para a grande Solenidade da Padroeira, através da novena de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Mas antecedendo essa festa somos convidados a rezar e refletir sobre a vida humana.
No ano de 2005, foi instituída a Semana Nacional da Vida. Compreendida de 1 a 7 de outubro, concluindo no dia 8, Dia do Nascituro. Em latim, Nasciturus, aquele que há de nascer.
Na gestação de Maria de Nazaré, temos Jesus como um nascituro. Maria, a mulher que disse sim à vida tem muito a nos dizer nessa data.
Jovem, solteira e vivendo em um período histórico onde as mulheres eram ignoradas, sem vez e sem voz, ela corajosamente aceitou o convite de ser mãe. E pelo título de mãe ela é a mulher mais conhecida em toda a humanidade. São José, ao desposar Maria se tornou pai adotivo e guardião de Jesus.
A maternidade divina de Maria, nos proporciona um caminho para a conscientização ampla da palavra mãe. Aquela que Deus confiou para nutrir o ente que vai nascer.
Quem concede a vida, do seu princípio ao fim, é Deus. Homens e mulheres são instrumentos neste mistério da criação divina. Dessa forma o casal é presenteado e deve acolher o filho que Deus lhes confiou.
Citamos Maria e José, o modelo de casal para todo cristão. Cúmplices, responsáveis e fiéis aos planos de Deus. Amaram o filho enviado desde o momento da Anunciação.
Em tempos de tribulações no ambiente familiar, nos parece uma utopia falar da Sagrada Família de Nazaré. Mas não devemos desanimar e sim anunciar. Proclamar aos quatros cantos que é possível. É possível restituir a família tão atacada pelas mais diversas frentes sociais, ideológicas e estruturais. A começar defendendo a vida na sua essência.
O zigoto, formado na concepção, é o princípio do ser humano. Nesse momento o homem e mulher se tornam pais e principais protetores do nascituro. Devem estar cientes e conscientes dessa responsabilidade de serem guardiões de uma vida que lhes foi confiada por Deus. Ao nascituro desde sua fecundação é garantido a dignidade de pessoa humana, o respeito, o amor, o direito de nascer com segurança e proteção.
A mulher participa
de modo direto na renovação
da geração humana.
Tem direito a receber toda a
assistência necessária, para se manter em condição saudável. Alimentação
adequada, atendimento médico e psicológico. Deve ter a garantia de um parto
humanizado. O Estado tem a obrigação de criar políticas públicas pertinentes.
O ambiente familiar é crucial para o estado emocional da gestante. A atenção, o acolhimento, a harmonia e a pacificidade são elementos importantes para o desenvolvimento da criança em formação.
Enquanto sociedade precisamos estar atentos aos direitos do nascituro. Acompanhar as legislações e reivindicar dos poderes públicos ações concretas de defesa da vida. Defender a vida humana é defender a nossa própria fé. Jesus Cristo é a vida e vida em abundância.
Com a oração composta pelo Cardeal e Arcebispo emérito de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Scheid, SCJ. Concluímos recorrendo a Nossa Senhora a proteção aos nascituros.
“Senhora e Mãe nossa, é com santa angústia e zelo fraterno que nos dirigimos a ti, amiga e defensora de todas as crianças, nascidas e por nascer.
Tu foste “às pressas” para santificar, por meio do teu Filho, Jesus, a uma criança que estava prestes a nascer. Cuidaste de tudo, com carinho e desvelos de Mãe.
Agora, queremos invocar-te como protetora dos nascituros, muitos em perigo de serem assassinados, trucidados, antes de verem a luz do dia. É o maior escândalo, o pior crime contra a humanidade toda. O útero materno, querida Mãe, tornou-se o lugar mais inseguro e violento da terra. Tu bem o sabes e, certamente, choras como choraram as mães de Belém, na matança dos seus inocentes filhinhos (Mt 2,16-17).
Vem, depressa, em socorro de todos os nascituros, levando-lhes, com teu Jesus, a certeza e a garantia de vida, de sobrevivência digna, de acolhida num lar afetuoso e de merecida educação. Tu o podes fazer, porque levas Jesus contigo, e porque “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).
Antecipadamente, ó Mãe e protetora dos nascituros, te agradecemos este imenso favor: por Jesus Cristo, teu Filho, na unidade do Espírito Santo.
Amém!
GAUDÊNCIO, Raquel Mendes. Bacharel em Matemática pela Universidade Anhembi Morumbi. Especialista em Mariologia, pela Faculdade Dehoniana e Academia Marial de Aparecida. Membro do Conselho Diretor da Academia Marial do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida a qual é associada desde 2015.
Fontes:
Amoris Laetitia – sobre o amor na família
Dignitas Personae – sobre algumas questões de Bioética Catecismo da Igreja Católica