O que queremos da Educação e dos Professores

Queremos professores que tenham procedimentos didáticos eficazes, que saibam ensinar bem seus conteúdos, que busquem em suas disciplinas e aulas, através de um consenso progressivo, os alicerces do conhecimento, do saber e da cultura, responsáveis pela formação de sujeitos críticos, criativos e responsáveis.

Por: Nehy  da Silva Martini

Que sejam cidadãos capazes de agir, sabendo seus direitos e deveres. Que sejam seres sociais ativos e solidários com todos os seres vivos que habitam o planeta terra. Seres humanos iguais na natureza e na dignidade, capazes de, numa sociedade conflituosa e desigual, como a nossa, saberem lutar pela democracia e soberania de seu País e pelos direitos humanos fundamentais da coletividade. Que saibam propor uma educação dialógica na qual seus alunos sejam sujeitos protagonistas como eles.

 Queremos escola onde professores e alunos se sintam bem, felizes e realizados em suas funções e em suas tarefas cotidianas. Entretanto, nem sempre é isso que estamos vendo nas nossas escolas. Há um descontentamento de ambas as partes. Muitos professores por se sentirem desvalorizados (mal remunerados, mal formados), encontram-se desestimulados para suas funções pedagógicas. Eles convivem com incertezas, dilemas e pressões. Precisam ser impulsionados por uma nova visão humana e educacional.

Por uma espiritualidade capaz de transformar as dificuldades em trampolim para novas conquistas educacionais, mantendo suas disposições educadoras guiadas pelo contexto de diversidade cultural, flexibilidade e complexidade social. Precisam manter diálogos com pais, alunos e companheiros sobre as contradições, conflitos e formas de encaminhamento dos processos de formação politica de seus alunos, se quiserem ser bem sucedidos como educadores.

Por outro lado, há um número significativo de alunos que não gostam da escola abandonando-a por não acompanharem a aprendizagem ou pelo desencanto com a vida escolar.

Um dos grandes problemas que encontramos hoje nas escolas brasileiras é a chamada “escola sem partido”, visão de ensino introduzida por alguns políticos e autoridades escolares, que expressam e promovem valores antidemocráticos, preservando os métodos ditatoriais. Deixam os mestres amordaçados, pois estimulam alunos e pais, a vigiar suas aulas, podendo esses ser denunciados pelo simples fato de estarem livremente discutindo assuntos de seus programas e não terem sido compreendidos pelos delatores. Vários professores estão sendo prejudicados por essa tática. Trata-se da “escola de partido único”, por ter uma ideologia autoritária, impedindo à ação pedagógica integral, que é dialógica e politica por essência.

Todo ser humano, consciente ou inconscientemente, carrega consigo suas convicções religiosas, filosóficas, econômicas, politicas. Ninguém pode ser imune a elas. A boa educação só se procede quando as trocas de experiências e de conhecimentos são simultâneas entre os vários componentes. Onde o professor (a) em torno de um objetivo maior, que é a qualidade de ensino e do conteúdo, forneçam aos jovens uma sólida formação que o qualifique para o exercício de uma atividade profissional- um cidadão ativo que saiba lutar pelos seus direitos e anseios.

Como competidor da educação escolar de nossa infância, a mídia monopolista com  os vídeos games, as divulgações de cenas pornográficas,  de terror, de lutas, de combates e os fakes news apreciados nos celulares, nos computadores e nas televisões – carregados de ódio e de desprezo pelo próximo – vêm explicar um pouco do comportamento de um número significativo de nossos jovens.

Grandes partes das famílias e das escolas no Brasil não conseguem ficar conhecendo o que se passa na mente desses jovens e muito menos, podem coibir suas atitudes e aspirações para o mal.

Grande é a decepção, a ansiedade e a descrença do jovem brasileiro que não vê em sua frente um futuro com garantia de vida profissional e pessoal satisfatória.

Este momento de ódio, agressão e revolta que está marcando nosso jovem é sintoma,  não apenas  de uma doença social grave representada pela não efetivação de politicas públicas sustentadoras de convívio social e equilibradoras do sistema desigual e injusto que faz parte da história do Brasil,  mas  também por outros  fatores que estão levando a esse descontentamento:

 1º. Aqueles que resultam da crise civilizatória que abate todo o mundo capitalista, a decadência de valores e do respeito ao próximo- falta de amor, de fraternidade e de solidariedade social;

2º. Aqueles resultados da alienação politica, que leva a uma deformação educacional grave, criando uma visão negativa da política institucional com um todo, apontando os políticos como únicos responsáveis pela corrupção generalizada, deixando de avaliar os interesses das elites empresariais e financeiras brasileiras que, associada com a burguesia rica internacional, comandam os poderes nacionais, visando perpetuar a desigualdade social, com a tendência a escravização dos trabalhadores.

Tivemos o golpe do impeachment da presidente Dilma em 2016, com esses objetivos e daí para frente a ultra direita brasileira se revelou nas redes sociais, armadas de ódio e de agressão contra seus opositores, legitimando a violência e se mantendo, a todo custo no poder.

O chefe do governo atual representa o protótipo da tragédia que o armamento indiscriminado do povo pode causar, chegando a sair fotografado com uma criança no colo, ensinando-a a atirar em seus inimigos. Inspirando a massa popular a votar nele para ter uma arma no bolso.

É preciso combater o vírus da intolerância e do desamor, do sistema diabólico que está hoje nos sufocando, ensinando nossa juventude a matar.

É preciso buscar a paz e a autoestima da nossa juventude e de nossos professores.

 Frei Betto nos ensina- “o futuro será fruto de que semeamos no presente. Temos que jogar as sementes em qualquer tipo de solo que poderá germinar. Não há saída pela inesperada irrupção de uma avaliação política, nem pelo retrocesso do passado. Temos que ter cabeça fria, mente aberta, coração solícito e não deixar se afogar nas marés negativas. Nossa espiritualidade deve nos levar a reunir energias para transformar o velho e o novo, o arcaico e o moderno e o ceticismo em esperança ( F.Betto- Diálogos Inter-religiosos, pág. 02, Rede, nº. 301).

Vamos juntos pais, professores, pastores e sacerdotes de diferentes religiões e cultos, fazer com que essa “Sociedade do Conhecimento” que vivemos hoje, leve-nos a traçar uma politica educacional para o Brasil, onde possamos fazer das ciências, das tecnologias, dos valores, da convivência, da mídia, da escola, das instituições políticas e dos demais setores sociais, instrumentos positivos para formação de pensamento e da reflexão, tornando nossos jovens mais confiantes e amorosos.

Vamos professores e pais construírem um novo vínculo social, que aumente a autoestima, o amor ao próximo e a compaixão em nossa infância e juventude.

Nehy  da Silva Martini – Equipes Docentes

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