Vida religiosa

Neste mês vocacional, o domingo em que celebramos a Assunção de Nossa Senhora, é consagrado à vida religiosa. Todos conhecemos as irmãs e seu lugar insubstituível nas comunidades e Instituições eclesiais. Antigamente quando o número das irmãs era maior, sua presença era visível nos hospitais, mesmo os públicos e nas escolas das diversas congregações que tinham a educação como parte essencial do carisma.

Por: Dom Sergio Eduardo Castriani

Sempre existiram pessoas que embora fazendo parte do Corpo de Cristo que é a sua Igreja que, dando um passo adiante consagraram a sua virgindade a Deus, deram seus bens aos pobres, assumindo a pobreza como regra de vida. A maioria vivia em comunidade ao redor de um superior ou superiora a quem prestavam obediência.  

Durante séculos os mosteiros foram fator de desenvolvimento não só da Igreja como da civilização greco-latina. Mas foi no século XIX que tomou forma o modelo de vida religiosa que foi um sucesso por que correspondia ao mundo que estava nascendo com a modernidade. Centenas de congregações surgiram na Igreja para possibilitar a vida consagrada. A espiritualidade destes grupos se baseiam na experiência de Inácio de Loyola. Vida comunitária rígida e toda ela orientada para a vivência do carisma.

A Santa Sé confiava grandes territórios para que as Congregações masculinas cuidassem. Criou Prefeituras Apostólicas, depois Vicariatos Apostólicos, no Brasil chamados de Prelazias. As congregações femininas vinham para colaborar com a educação e a saúde. Os números são impressionantes. Milhares de jovens europeias deixavam tudo e partiam para África, Ásia e Oceania. Morriam jovens de doenças que não conheciam. Seguiam as rotas do movimento expansionista europeu mas com uma diferença, iam para fazer irmãos, fundar a Igreja. Nós somos herdeiros destes verdadeiros heróis que entregaram a vida sem reserva.

Pobres, manusearam dinheiro de projetos sociais, mas nada para si. Dom Joaquim de Lange, espiritano, perdeu até a cidadania holandesa, por que precisou se naturalizar[DS1]  brasileiro para poder ser dono da Radio Educação Rural de Tefé. As irmãs Franciscanas Missionaria de Maria que vieram para Tefé onde assumiram os cuidados do hospital e a educação, terminam todas as suas vidas na simplicidade de uma comunidade religiosa. Dom Pedro Casaldaliga morto estes dias, era religioso claretiano. Pedro, como ele preferia ser chamado é um caso emblemático. Seguidor de Jesus Cristo ele encarnou o evangelho de maneira exemplar.

Vítima de um AVC, na cidade de Japurá está internada no Hospital Santa Julia Ir, Isabel. Ela chegou aqui já desacordada. Todos esperam um milagre. A vida de Ir. Isabel nos últimos quinze anos foi vida entre Japurá e Vila Bitencourt, Chegou a se perder no meio das Ilhas do rio Japurá. Ai deu esperança ás meninas de Manaus que vivem nas dragas.

É religioso também o Pe Ronaldo. Grande mestre nas ciências da Escritura Sagrada, vive o que ensina. Com mais de oitenta anos atrai a juventude para meditação por causa da coerência de vida. Certa vez foi a Tefé para dar aulas o colocamos para dormir num pequeno quarto perto da capela no corredor de baixo. Não fechou a porta nenhuma vez. É um homem sem segredos e sem bens preciosos.

Quatro religiosos, quatro em meio a centenas, o mundo deve muito a eles.

Dom Sergio Eduardo Castriani Bispo Emérito da Arquidiocese de Manaus


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